sábado, 22 de novembro de 2008

Eu odeio telefone

Nunca fui o melhor amigo do telefone, isso é fato. Sempre preferi a história do ao vivo e a cores. Alguns de seus "toques" foram bons, outros nem tanto. Acho que por trás do telefone, conseguimos ser o que quisermos e onde quisermos. É como um palco ao alcance das mãos. A diferença é que no palco fazemos arte. No telefone, mentimos, é vida real, é outra coisa. Pra mim, telefone é antônimo de sinceridade. Me perguntam o que porque de tanto ódio ao telefone e eu vos digo: ele é o único aparelho que não funciona quando mais queremos. Tanta ligação que eu espero até hoje...

Sou adepto do não passar vontade. Se eu quiser ligar, eu pego e ligo mesmo, não importa o que o outro vai pensar. Esse orgulho estúpido é coisa do passado. Nessas pequenas diferenças que a gente pode observar que espera e quem faz acontecer. E assim a gente constrói o futuro. E hoje a gente fica esperando tanto, mas tanto, que quando se vê, nem se sabe o porque de tanta espera. Ficamos vivendo um presente baseado num passado para construir o futuro. Impossível.Por esses e outros motivos, eu odeio telefone. Ele também não é boa companhia. Ensina inúmeras coisas erradas. Quem nunca "repassou" um problema para alguém, não é mesmo?Agora se você está atrás de gerundismo, ele é o cara. Estarei esperando você concordar, certo? Nunca.

Não sei o que dizer nele, parece que vai sair e soar falso. Sou mais ouvir algumas melodias vindas de bocas na minha frente ou ao meu lado. Se bem que, se eu pudesse dar "redial" em aguns momentos de minha vida, não seria tão mal...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Em busca de aventura.

Todos os dias são a mesma coisa.Pareço-me contentar em estar triste. Ser, nunca. No café, acabo criando problemas que julgo não ter solução. De fato, eles não tem, porque, de fato, não são problemas. A grande verdade é que busco no espelho algo que não me agrade. Creio que seja do DNA humano não admitir que tudo está nos conformes, que tudo está em sintonia. São nessas horas que busco mentiras e madrugadas, para ter o que contar aos meus netos. Abuso da saúde. E do cartão de crédito. Não sei bem porque faço isso, deve ser por achar que o hoje é replay de ontem e que a perfeição é monótona.

Não consigo viver sozinho, pronto-falei. Talvez isso, somado a uma vida sem sustos faça com que eu sempre busque minhas alegrias nos drinques mais fortes. E nas mulheres mais complicadas. A incerteza do que acontecerá é maior nestes casos. Gente normal me cansa. E drinques, idem. Não busco uma companheira, busco uma aventureira, que é bem diferente. Já não é fácil ser eu. Imagina sermos nós.

Aliás, não construo meu futuro com ninguém. Apenas convido este alguém a participar deste meu futuro.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 8 de novembro de 2008

Carta a prezada senhora, minha mãe.

Mãe, preciso ir. Já me esperam. O destino cansou de esperar por mim e agora terei que ir pelo e com improviso. A vida não é bagageiro, passou a ser minha carona. Não tenho mais 10 anos e o fato de você me acordar todas as manhãs pontualmente, me irrita um pouco se você quer saber. Acho tão adulto se atrasar ao trabalho. Também já sou grande o suficiente para buscar as toalhas e sei me virar na cozinha. Pouco, mas vivo bem. Que saco, eu preciso andar. Não posso mais ser atalho nem objeto de posse. Quero uma vida pessoal sem chefe de segurança. Quero chegar as 5 e não ouvir você dizer que ficou me esperando e ouviu meus passos pela calçada, até mesmo porque nós dois sabemos que isso é mentira. Que eu cheguei as 5 e que você me esperou.

Confesso que já peguei carona com estranhos e estou vivo. E também bebi naquela noite. Não é fácil viver numa gaiola. Liberte-me. Deixei-me ser um pouco mais eu, e não o espelho do que você quis ser um dia. Procuro e sou um risco de pessoa. Mas isso você não precisa saber. Quero só liberdade de poder pensar e agir ( e errar e não admitir), sozinho. Esse seu costume de deixar recados na geladeira, me irrita. É óbvio que eu sempre chego em casa. E que não vou te ligar pra lhe dizer onde vou. Eu quero ir, eu sou uma rota sem direção, deixa rolar, não dá pra viver tão previsivelmente. E uma última coisa: prepare minha marmita amanhã, por favor. Estou sem dinheiro.


Guilherme Vilaggio Del Russo