sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Treze (Cálice!)

Os meios se alteram. A mordaça é a mesma. O silêncio obtido por meio de incertezas e falso moralismo. Somos todos iguais pero no mucho. O trabalho sim, este é igual a todos. Vivemos no século 21 mas ainda bebemos do vinho servido em 64.

O suor permanece. Ele gruda e cheira para não esquecermos de que, perante a lei, temos todos os mesmos direitos como cidadãos. E o de opiniar, com certeza, é o primeiro deles. Por deus, se não seguimos a Constituição, para que a temos? Rasguem essa merda! Eu vou continuar falando, só para ir contra a corrente. Os mesmos que me julgam e me pregam, concordam na causa. Então porque não estão deste lado? É melhor esquecer do que ouvir o justo.

O termo Ousadia aparecendo no dicionário daqueles que omitiram a força dos pequenos. Que falam inglês mas que se esqueceram de que bancamos suas aulas. De uns grandes apoiados em nós, que "engolimos a labuta". Que gostam de abafar porque sabem que a luta é quente e que se incendeia quanto mais se bebe dela. Eu respeito o organograma, mas não sou mudo perante o mesmo. É hora de não pedir muito, mas sim o digno.

É, devo estar ouvindo muito Chico Buarque. Perdoai Pai, eles não sabem o quanto pagam.

Guilherme Vilaggio Del Russo.

domingo, 8 de novembro de 2009

Carta ao governador, Sérgio Cabral.

Caro governador,

é com imenso prazer e satisfação imensa que quero, antes de tudo, lhe dar os parabéns. Ver a bandeira olímpica tremulando em terras brasucas realmente foi um feito incrível. Imagino pelo trabalho que o senhor deve ter passado para ter essa honra que se estende pelas fronteiras brasileiras. Colocar uma pitada de orgulho, nesse país de muito sol e pobreza hereditária, correto? Acabar de vez com o rótulo de "república de bananas e tiros", palavras ousadas dos periódicos internacionais.

Imagine o senhor se ainda tivéssemos tiroteios nas favelas?Brigas de gangues rivais lutando pelo melhor "point" de vendas de drogas. Qual seria o pânico que se estabeleceria? Sem contar o nosso desgaste perante o cenário mundial. Seria uma vergonha, mas graças a deus, isso é passado. Indo um pouco mais longe, seria um tanto quanto desagradável ver helicópteros caindo pelas mãos de traficantes, não é? Ver artilharia pesada, nas mãos erradas. Assaltos a bancos, chacinas costumeiras, linha vermelha. Vermelha mesmo, de sangue. Mas, isso já não assusta, parece coisa de outro mundo. Isso acabou. Ufa!

Beirando o ridículo, imagine se nós tivéssemos gasto quase o triplo que o previsto no Pan de 2007 (esculachando, com obras super faturadas, vai!) e que tivéssemos que ter uma comissão (repito, comissão) para investigar nossos próprios gastos para esta olimpíada? Lembra dos arrastões que tínhamos nos nossos cartões-postais? Da corrupção de uma polícia mantenedora de arsenal inimigo? Péssima fiscalização de trânsito, pessoas bêbadas dirigindo em alta velocidade, enfim... ah, chega! São só más recordações de uma passado pra lá de distante.

Acordar e ver que que acendeu-se o fogo no Rio de Janeiro (e que não era a tocha) parece cena de um cotidiano que já é passado, não é governador? Você não deixaria nós, brasileiros, passar por tamanha vergonha perante tudo e todos. Me sinto tão aliviado de ver um Rio de Janeiro calmo, tranquilo, sereno, de lindas e belas moças e praias.

Para não tomar-lhe mais tempo, imagine o senhor que tive a petulância de imaginar, num tempo atrás, que seria necessário escrever-lhe uma carta pedindo mais segurança e um pouco mais de respeito e ética com os brasileiros? De gritar para que você pare de gastar verba pública nas calçadas de Copacabana e que levante os olhos pras casas de tijolos que circulam o Cristo? De pedir honestidade e dignidade para com esta que será a casa de todas as nações logo menos. De abrir-lhe os olhos e ver que nem tudo se resolve com a música "O Rio de Janeiro continua lindo..." Ah, como fui estúpido. Essa carta é só para lhe agradecer realmente. Belo serviço, meu caro Cabral!

Um grande abraço,

Guilherme Vilaggio Del Russo, diretamente da Terra do Nunca.