quinta-feira, 25 de março de 2010

Letícia.

É tarde da noite e a luz de apaga de mais um quarto incomum. Uma mistura de princípios e fechamentos. Fim do espetáculo da vida, da dor e angústia. E começo da saudade, exceção esta que de tão importante, não tem fim. Dois jovens olhos verdes que se perderam na imensidão da música forte chamada Luta. O cansaço de um hospital que resulta num sono de mentira. Eu sei. A ficha cai e o mundo não é "conto de fadas" como diz a música. E se for, o autor não somos nós. A gente começa a se perguntar pra Deus porque de tanta injustiça. A gente também sabe que ele não responde, mas nessa altura do campeonato, o que temos a perder?

Palavras que neste momento são só parte de um vocabulário. 3 parágrafos que eu gostaria de substituir com um abraço. Sei que nessas horas vem a pergunta: "E amanhã?".Esqueça. Chore o hoje e sorria com o ontem. Pegue a lista e termine. Não deixe mais isso incompleto. Perceba o quanto isso é especial e veja que tem nas mãos uma possibilidade que ninguém tem: a de continuar.

Que você tenha coragem o suficiente para saber que fez o que estava ao alcance de mãos sem luvas cirúrgicas. Caminhe sempre e traga ela onde nunca deixou de estar: no coração e na mente.
Que você tenha a fé que não tenho. Me disseram que Deus sabe o que faz e é mais cômodo pensar assim. E que você lute, como ela lutou. Mais: que você vença, como ela venceu. Pense em uma coisa: os bons se vão logo. Ficam aqueles que tem muito a aprender.

Ao amigo Renato Max,
Guilherme Vilaggio.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Eu e o Luciano Huck

Terceiro mês do ano se passa a uma mesmice tão 2009. Não estamos em guerra, não estamos em meio a uma epidemia, nem temos um grande evento para mudar o rumo da história. Seremos páginas em branco nos livros de décadas posteriores. Parece que nos acostumamos a ser índice e nunca mais destaques nos jornais. Custa-me dizer que aprendemos com a dor e somente em momentos de recessão econômica. Somos uma geração em que busca a felicidade em terceiros. Pessoas que, de tão generosas, esquecem de si mesmas. Isso me auto ajuda a me explicar.

Que me importa se ainda persiste a guerra entre afegãos e norte-americanos? Dane-se, eu quero mesmo é Calvin Klein assinado em minhas cuecas. Sou o que visto e para me sentir mais ousado, uso golas em V. Hoje, arriscar siginifica participar da loteria. Somos a merda de um cartão de apresentação de empresa. Quanto mais palavras na descrição do cargo, mais cansado você se sentirá e menos fará. Estamos em um momento dominado por presunçosos ou por workholics. Não encontramos um meio termo, nem tempo. Minto. Encontramos sim, e nos boicotamos gastando horas vendo televisão, lamentando a tragédia chilena e agradecendo a Deus por isso ter sido com eles. A Tv me ensina que eu só posso ser feliz se for escolhido pelo Luciano Huck para reformar a minha casa. Quero que você se exploda, Luciano. É fácil fazer com o dinheiro dos outros, a gente vê isso em Brasília. Old school demais, meu caro.

Meu extrato bancário é meu indicador de felicidade e minha poupança, a visão do futuro. Louvamos a cultura estrangeira (que nos pisa na mesma proporção real X euro). Somos bombardeados com publicidade inútil e corrosiva, criando necessidades absurdas. Cara, eu vejo tanto potencial perdido nas plantações de cana. Os falsos heróis estão na TV. Os de verdade, na linha vermelha. Todos os dias alimento meu roteiro de um filme de drama com o noticiário. Todos os dias eu acordo, jogo água na cara e me prometo deixar a marca no mundo, como um ferro em brasas. Eu nunca consigo. Eu preciso mudar. Eu e o mundo.

Guilherme Vilaggio Del Russo