quarta-feira, 3 de agosto de 2011

um mundo nota 7.

Acendo o cigarro e olho para fora. O vento sopra forte, somente o silêncio me acompanha, a natureza parece abrir uma brecha para a conversa fiada. Talvez Deus esteja ouvindo, talvez esse seja um bom momento.

Que mundo estranho. As notícias pela manhã me dão conta disso. Perdão, as notícias que saem, já que tem algumas que ficam presas na rede pegajosa da censura, tão emoldura no século passado, tão em cores vivas nos dias atuais. Assassinos em escolas, ladrões em gabinetes públicos, palhaços no senado. Lugares e pessoas que não combinam, pólos negativos que por algum motivo infame da natureza, se atraem. Pessoas que não tem a doença crônica que me afeta pelas noites, de nome: respeito pelo próximo. Ligo a TV e lá está o cara do Porsche a 150 kilômetros, o sensacionalismo dos jornalistas brasileiros, um mundo de eterna guerra no oriente médio e eterna oscilação na bolsa. 9 horas e estou atrasado para o trabalho. É, é um mundo de merda mesmo.

Mas, como disse Eduardo Galeano, este mundo está grávido de outro. Um mundo de parto difícil. Um mundo criado e fecundado por nós, jovens que continuamos acreditando em uma realidade utópica, impossível de alcançar mas que serve de solado para amaciar a caminhada para a frente. Quero que meus filhos não tenham a possibilidade de imaginar um mundo melhor. Quero que eles já estejam nele. Que peguem esses travesseiros cheios de sonhos e realizem pela manhã e que em seus peitos arda uma vontade louca de amar. Não esse amor de confeitaria que vemos por aí, que de tão doce e sofisticado, perde o gosto. Um amor mais bolo de fubá, quente, macio. Quando nasce esse mundo, meu Deus?Você deve estar cego, mas não se faça de surdo.


Este mundo atual, dominado pelos senhores da democracia norte americana que ainda nos vêem como colônia de exploração, está cinza por que está no fim. Está frio porque ainda não há quem o esquente. Está estranho porque há mesmice, está desumano porque ainda não vendem esperança em sites de compra coletiva. Por enquanto. Meus dias são dias esperando e ajudando a construir um mundo menos nota 7.

Guilherme Vilaggio Del Russo