terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Abertura de algo maior

[estação - paraíso]
O apito soou. O apito soou. Tirem suas máscaras, coloquem seus sorrisos. A hora do espetáculo é essa, o hoje nunca vai ser pra sempre, é agora e sem agouros. Que a arte, a luz, o espírito e o santo estejam convosco, porque conosco está o prazer de viver.

Sejam bem vindos, a coragem é cortesia da casa e a emoção vem de acompanhamento a estas palavras. Aqui não tem apego ao que se paga, por isso, minha alegria é de graça e sua presença fundamental.

Deixe pra ser triste em outro dia, exclame a ação, finge a dor de fazer o que não se quer. Não existem coincidências! Nada aqui é por acaso, nem o sucesso, nem o fracasso e... caso você concorde, não se acanhe em ser a favor. E por favor, não se esqueça de tudo aqui, nem de todos de lá, disso que viu, você tem que falar.

Somos eternos aprendizes em busca da lição mais fácil, da matéria sem problemas, deste dia especial. Aprendizes do hoje. O caminho do amor e da dor se encontram aqui. Opte por um, ou pela outra, eles são irmãos, rivais, escolha um e pro outro o jamais. Que brilho é esse que você traz? É o nosso sorriso, combustível, que me cativa cada dia mais e mais.

Seja honesto com sua personalidade, e se é que é verdade é porque veio pra ficar.
Por fim, e por mim, seja sempre mais você, você É, aquilo que ninguém vê e o futuro bom, aos bons pertence.

Guilherme Vilaggio Del Russo

ps: Nota do autor nos comentários.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Era pra ser rascunho (2009)

É sempre assim, chega dezembro e a gente começa a se perguntar o que de efetivo fizemos neste ano pseudo-terminado. Vem aquela pergunta ácida: você deixou marcas no mundo? Ou o contrário lhe parece mais real? É tempo de considerar a possibilidade de que algumas pessoas são só coisas descartáveis e de que muitos caminhos que você escolheu durante o ano foram errados. Engraçado... se por aí, ecoa a frase "No fim, tudo acaba bem", é porque todos os caminhos escolhidos foram certos. Será?

Particularmente, tornei-me mais realista. A idéia de querer abraçar o mundo me parece mais distante. Veja bem, distante e não esquecida. Alguns acham isso triste, mas eu lhes mostro o outro lado. Ser sonhador machuca mais. Deixei a arte de lado mas, "inquieto" que sou, vim aqui rascunhar idéias e frases com qualquer um. Tive que ir ver a realidade pra entender que é a arte e o abstrato que me atrai. Aprendi que não adianta abraçar o plural porque muito provavelmente o resultado seja você no singular. Continuo controlador, mas tirei um pouco as mãos do volante no trecho sinuoso conhecido como "minha vida". E de fato, não sei se cumpri todas as promessas que me fiz.

As coisas mudam constantemente e como isso é bom. Esse texto mesmo é prova viva. Aliás. escrita. Há 5 minutos ele seria mais um rascunho, mas com um clique ele ganha vida e parágrafos aqui. Certas coisas exigem pouco de nós para acontecer. É, vai saber. A gente nunca sabe quantas são e pras quais são as pessoas que vamos escrever. Ás vezes não sabemos o quanto é importante uma palavra nossa a alguém.

Que em 2009 você troque pontos de interrogação por pontos finais. Ou melhor, por pontos de exclamação! Que as fronteiras entre você querer e fazer sejam menores do que um dia você pensou, que tudo na sua vida seja 102%, entre vitórias e tombos. Que você ame! Ame pra caralho, num português bem claro, sabendo que o limiar entre amor e ódio é tênue, mas que não existe verbo mais lindo. Por fim, que você tique seus desejos atrasados de 2008 e que de uma vez por todas, não deixe novos em branco para 2010. Hora de não ser lembrado, mas sim jamais ser esquecido.


Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Querido Papai Noel...

pra ser bem sincero, não sei se fui um bom menino este ano. Portanto, vou desabafar em algumas linhas, entre ações e sentimentos, para que você tire suas próprias conclusões e me entenda. Tenho tanto coisa pra realizar, mas acho que me falta oportunidade. De ser e mostrar. Vi a morte e a vida de perto. Confesso que fui motivo de choro, mas também provoquei risos. Irônicos e de alegria. Vi meu futuro nas mãos de todos. Aliás, faço parte deste todo que não vive, apenas se aguenta. Como diz o poeta, "de um povo heróico, brado, retumbante...". Fui alvo de piadas, sujeito de mentiras, oração de noite, retalho de vidas. Nunca desisti do ato de lutar, por si só. Sou reconhecido por não vencer muitas, mas brigar sempre. Muitos são aqueles que tentaram me derrubar, mas, adiantando-me, digo que foi em vão. Sei bem que sou a solução de muitos. Mas antes, sou a esperança de todos. E por isso minha obrigação de me manter em pé.

Gostaria de pedir somente duas coisas. Aliás, na verdade, gostaria de simplesmente não pedí-las, pois elas já deveriam existir sem muita insistência de minha parte: paz e igualdade. Em gênero, número e grau. Cansei de ser sonho e, definitivamente, quero ser realidade. Papai Noel, que eu nunca mais deseje. Que eu, simplesmente, "seje".

Ass: Brasil


Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Logout

6 da manhã, o alarme toca. Aperto meu botão de power. Start de novo. Abro a janela. Ou "windows", como preferir. Iniciar mais um dia. Dou CTRL+C - CTRL+V no meu café de ontem. Minha mãe me irrita com suas perguntas frequentes. Me arrasto para a área de trabalho para solucionar problemas. Acho que não sou o único a querer enviar as reclamações do companheiro de baia para a lixeira. Limpo meu cache para lembrar de pagar minhas contas. O café das 11 é algo como um f5 nestes dias. Confesso que o zoom in nas pernas da secretária também. Só a cara de "Erro na Conexão" dela não foi a resposta que eu estava a procurar.

E o restante das tardes passam com link direto ao sono e ao mal humor deste gerenciador de projetos que vos fala. Foi quando, em um certo dia, ao final da tarde, surge o chefe como um pop-up assustador com os seguintes caracteres: "Pode fazer hora extra?" Juro que um dia eu ainda o executo. Mas, nestas horas, o erro 505 de "Página-não-encontrada-na-faculdade" sempre cai bem. Ah, como dar um Alt f4 em alguns problemas é necessário. De qualquer forma, das duas, uma: ou eu me formato, ou faço logout desta vida. Se bem que, se formos analisar o ... (Esta página não está respondendo, feche esta aba, e vá viver sua vida).

Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 22 de novembro de 2008

Eu odeio telefone

Nunca fui o melhor amigo do telefone, isso é fato. Sempre preferi a história do ao vivo e a cores. Alguns de seus "toques" foram bons, outros nem tanto. Acho que por trás do telefone, conseguimos ser o que quisermos e onde quisermos. É como um palco ao alcance das mãos. A diferença é que no palco fazemos arte. No telefone, mentimos, é vida real, é outra coisa. Pra mim, telefone é antônimo de sinceridade. Me perguntam o que porque de tanto ódio ao telefone e eu vos digo: ele é o único aparelho que não funciona quando mais queremos. Tanta ligação que eu espero até hoje...

Sou adepto do não passar vontade. Se eu quiser ligar, eu pego e ligo mesmo, não importa o que o outro vai pensar. Esse orgulho estúpido é coisa do passado. Nessas pequenas diferenças que a gente pode observar que espera e quem faz acontecer. E assim a gente constrói o futuro. E hoje a gente fica esperando tanto, mas tanto, que quando se vê, nem se sabe o porque de tanta espera. Ficamos vivendo um presente baseado num passado para construir o futuro. Impossível.Por esses e outros motivos, eu odeio telefone. Ele também não é boa companhia. Ensina inúmeras coisas erradas. Quem nunca "repassou" um problema para alguém, não é mesmo?Agora se você está atrás de gerundismo, ele é o cara. Estarei esperando você concordar, certo? Nunca.

Não sei o que dizer nele, parece que vai sair e soar falso. Sou mais ouvir algumas melodias vindas de bocas na minha frente ou ao meu lado. Se bem que, se eu pudesse dar "redial" em aguns momentos de minha vida, não seria tão mal...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Em busca de aventura.

Todos os dias são a mesma coisa.Pareço-me contentar em estar triste. Ser, nunca. No café, acabo criando problemas que julgo não ter solução. De fato, eles não tem, porque, de fato, não são problemas. A grande verdade é que busco no espelho algo que não me agrade. Creio que seja do DNA humano não admitir que tudo está nos conformes, que tudo está em sintonia. São nessas horas que busco mentiras e madrugadas, para ter o que contar aos meus netos. Abuso da saúde. E do cartão de crédito. Não sei bem porque faço isso, deve ser por achar que o hoje é replay de ontem e que a perfeição é monótona.

Não consigo viver sozinho, pronto-falei. Talvez isso, somado a uma vida sem sustos faça com que eu sempre busque minhas alegrias nos drinques mais fortes. E nas mulheres mais complicadas. A incerteza do que acontecerá é maior nestes casos. Gente normal me cansa. E drinques, idem. Não busco uma companheira, busco uma aventureira, que é bem diferente. Já não é fácil ser eu. Imagina sermos nós.

Aliás, não construo meu futuro com ninguém. Apenas convido este alguém a participar deste meu futuro.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 8 de novembro de 2008

Carta a prezada senhora, minha mãe.

Mãe, preciso ir. Já me esperam. O destino cansou de esperar por mim e agora terei que ir pelo e com improviso. A vida não é bagageiro, passou a ser minha carona. Não tenho mais 10 anos e o fato de você me acordar todas as manhãs pontualmente, me irrita um pouco se você quer saber. Acho tão adulto se atrasar ao trabalho. Também já sou grande o suficiente para buscar as toalhas e sei me virar na cozinha. Pouco, mas vivo bem. Que saco, eu preciso andar. Não posso mais ser atalho nem objeto de posse. Quero uma vida pessoal sem chefe de segurança. Quero chegar as 5 e não ouvir você dizer que ficou me esperando e ouviu meus passos pela calçada, até mesmo porque nós dois sabemos que isso é mentira. Que eu cheguei as 5 e que você me esperou.

Confesso que já peguei carona com estranhos e estou vivo. E também bebi naquela noite. Não é fácil viver numa gaiola. Liberte-me. Deixei-me ser um pouco mais eu, e não o espelho do que você quis ser um dia. Procuro e sou um risco de pessoa. Mas isso você não precisa saber. Quero só liberdade de poder pensar e agir ( e errar e não admitir), sozinho. Esse seu costume de deixar recados na geladeira, me irrita. É óbvio que eu sempre chego em casa. E que não vou te ligar pra lhe dizer onde vou. Eu quero ir, eu sou uma rota sem direção, deixa rolar, não dá pra viver tão previsivelmente. E uma última coisa: prepare minha marmita amanhã, por favor. Estou sem dinheiro.


Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 25 de outubro de 2008

Só você.

Não sei dizer se você é minha. Muito menos se um dia você foi minha.Só sinto em ser e sentir isso. Que é novo e forte, que é 8 ou 80,que é a alegria pela manhã, o sorriso do telefone, e a incerteza de amanhã.Confesso que as noites, me pego ensaiando o que vou dizer pela manhã. Se eu for dizer, eu digo.Da mesma maneira que quero agarrar o telefone e falar com você durante horas, me seguro e me faço acreditar que isso é impossível. Talvez você nem queira. E eu não deva. O amor é assim mesmo. A gente sente, mas finge.

Obviamente, se a minha força de vontade de estar contigo fosse igual a tua, não seríamos um par. Na verdade, ímpar é esse seu jeito de me cativar e de transmitir uma esperança de dias bons, dias de amor, enfim, dias da reconquista de quem já está com você por um tempo. Só isso que eu queria. Você, sozinha, acompanhadade um copo de martini bem gelado, só pra sair da rotina. Não pelo martini, mas por você, estar sozinha.
Eu amo o presente. E tenho medo do futuro.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Contraste

Se existe um mal crônico no mundo, esse mal com certeza é esperar dos outros, alguma coisa. Aguardar palavras, gestos e ações que nós consideramos sensatas das bocas e mãos que não são nossas. Exigir quando não se faz. Ser contrastante. O que é mais fácil? Admitir ou argumentar? Obviamente, é mais fácil apontar erros e defeitos alheios do que simplesmente atentar a si mesmo. É cobrar dinheiro quando se deve. Irônico demais.

Esse é o momento bom de ser um pouco mais egoísta e parar para refletir sobre suas ações. Repito: suas ações. O que você efetivamente faz de bom para e com o mundo, e com todo mundo? Você cobra liberdade quando na verdade se acorrenta ao passado? Busca felicidade ao custo da infelicidade do outro? Poder rir em ver o outro chorar. Não existe como ser do bem quando nossas ações não caminham ao lado das nossas palavras. É como cortar uma tira de torta e buscar no pedaço da ponta, mais recheio. Improvável, quase impossível. O grande problema do ser humano é esse. Nossas palavras e nossas ações são, quase sempre, antônimos.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O Fio e o Fim da Vida

Mais um dia. Amém.

15 pras 7. 7 e 15. Sono atrasado. Sono. Atrasado. Leite quente, chão frio. Ponto ônibus, ponto de partida. Partiu, freiou, bocejo, a mãe e o filho. A poesia desapercebida. A mesa e as fotos. Pausa dramática: lembranças. Email. Mais um e outro. Feijão. Escolha, rua, telefone, 15 pras 2. 2 e 15. Sono. Problema 1, 2 e 3, paciência, 0. 6 e pouco. 6 e muito. Ônibus. Atrasado. Ônibus atrasado. Blusa quente, noite gelada. Ponto de chegada, faculdade, PDV. Partiu, freiou, o grito, a mãe o filho, "Ah puta que pariu!". Que se dane a poesia! A casa e as fotos. Pausa pseudo-dramática: lembranças, telefone. Mensagem e outra. Hambúrger e a indigestão. Escolha, cama e coberta. Preocupação 1, 2 e 3. Paciência? 15 pra meia noite. Meia noite num dia inteiro.

Menos um dia. Amém.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Azul da cor do...

Quando eu já buscava o caminho usual e prático da bebida, lhe encontrei. No canto mais afastado, distante, eu, indiferente, encontro você, diferente. Em um lugar de equivalentes, te encontrei um degrau acima. Logo vi teu sorriso que teve como resultado esperado, a companhia do meu. Não foi necessário muito tempo para obrigar a vida a entender que dois pólos iguais não necessariamente se repelem.

Ao som daquela música que não me agrada, lhe encontrei. Palavras faltaram. Já não posso dizer o mesmo de beijos. Você, uma mistura do branco e do azul, que surgiu sem querer e agora é justamente o meu querer-de-todo-dia. Você se foi mas deixou marcas. Minha roupa ainda tem o cheiro do teu perfume de "mais uma vez". Ganhamos um inimigo, o tempo.

Mas tá tudo bem, tá tudo "azul", azul da cor do.... seus olhos. Então vem, vem sem medo, vem ensinar e aprender aquela lição que a gente não se cansa de esquecer: nós nunca estamos preparados para aquilo que sempre aguardamos.


Guilherme Vilaggio Del Russo

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Primavera

Quando começou a se barbear em frente ao espelho pensando no amanhã, percebeu que algo havia mudado. Que já não teriam pessoas que amarrassem seus cadarços ou que lhe chamassem a atenção aos bons modos. “Já não uso o 37”, pensou enquanto engraxava seus sapatos novos. Em seguida viria o esquecido e empoeirado fio dental. Logo ele que nunca se preocupou com detalhes. Sempre as mesmas camisas, a mesma gente, o que era velho e conhecido e o que ele sabia de cor.

Nunca conversou muito com o futuro, o papo dele era com o agora. Sua vida era um relógio que sempre caminha mas que não sai do lugar. A vida cobrava mudanças, novos ares, um tapa no paletó, novas ruas, um outro jeito de dizer “alô”, um bom-dia-nas-segundas-feiras (ele sempre odiou), outro ramal, um plano, um novo ano, uma nova vida, um novo e outro ele. E uma nova camisa social. Ele tinha que se adaptar.

Apesar de ser tipicamente o retrato-mal-falado do cara errado que daria certo, sentiu-se imensamente agradecido pelo oportunidade do que vinha a seguir.Desta vez, ele não fugiria. Era ele, e somente ele. Não se contentaria mais com o segundo lugar e deixaria de ser o resultado do igual e passaria a somar.

E então, quando percebeu, ainda estava em frente ao espelho. Perguntou-se quem era e logo se respondeu prontamente:
- Sou esse que segue adiante, que parece distante, caminhando ofegante, nesse perigo constante, que é viver. Procuro o “pra sempre”. Não me contento com o ontem. Nem com o hoje. E também não odeio as segundas-feiras. Meu dia predileto do mês tomou vida. Passou a ser sempre, o amanhã.

Algo havia, de fato, mudado.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Grrr

Já parou para pensar nas chances que se perde por preguiça, negligência, ou simplesmente por piscar os olhos na hora errada? Digo isso porque resolvi insistir em provar que o amor não existe quando ele está bem aí, debaixo do meu nariz. Se eu pelo menos nunca tivesse sentido nada, ou quem sabe se eu fosse um robô e nem tivesse nascido... mas não. É como negar a chuva quando já se está encharcado no meio da rua por causa da água que caiu do céu.
Mas é tão injusto. Como posso querer entrar em um jogo sabendo que vou perder, e perder muito, perder você. Não quero.
Pior é que sei onde encontrar as melhores sensações. Droga, eu deveria me sentir tão sortuda, só em saber que às vezes preciso muito de alguém. Você me faz tão bem e disso não posso fugir. Nem se eu me isolasse por dias. Nem se eu desistisse de abrir a janela e ver o sol, porque sei que ainda assim te veria. Mesmo de olhos fechados e no escuro, te veria. Ainda ouviria sua voz no silêncio. Droga!

Milena Lieto Samczuk

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

República de Palhaços

O artista de hoje é boneco de mídia barata e vulgar quando deveria ser voz ativa da luta armada. Armada de palavras, caras e bocas contra aflições e problemas que o governo insiste em nos fechar os olhos. Mas chegou o mês da revolta. Outubro. Mês de eleição, indecisão. Artista se candidatando? Triste. Querendo criar leis e emendas quando deveriam questioná-las. No palco.

A TV consegue ficar pior com gente que insiste em repetir o que eu já sei que é mentira. Repetição do óbvio, do surreal, de uma demagogia que irrita os olhos, os surdos e mudos. Aliás, nunca houve preocupação em transmitir programas e comerciais para os surdos, mas no horário do Circo Eleitoral, isso existe. Podíamos ao menos poupá-los disso. Onde já viu um circo com tantos palhaços?

Palhaços que falam tanto. Palavras já apodrecidas pelo desgate do tempo. Não enchem barriga, só enchem linguiça. E sinceramente, que já me encheram o saco. Já deveriam ter se tornado ações.

Logo mais, sejamos conscientes e presentes em cumprir nossa função. Representantes, acima de tudo, daquilo que acreditamos ser real. A Influência de hoje pode representar o prefeito de amanhã. E de mais 4 anos. Portanto, se dê essa oportunidade de ser egoísta e mantenha a melhor das opiniões: a sua, Leitor. Logo mais, eleitor.

Guilherme Vilaggio Del Russo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Preto e Branco

Era óbvio demais esperar demais que você me atendesse no final daquela tarde então liguei só para ouvir cair na caixa postal. Eu e ela já somos amigos íntimos.Afinal, quem sente saudades por aqui, sou eu mesmo, sempre. Juro que não te entendo, muito menos me entendo do porque de eu continuar te procurando.O que mais me chamou a atenção em você é a mesma coisa que hoje que nos impede de estar de mãos dadas. A diferença. Do meu sentir, do seu desligar.

Te ver é algo como me olhar no espelho e ver o reflexo invertido. Ao mesmo tempo que é me completar. Você é o sujeito (simples, feminino) da minha oração. E pensando bem, também é a minha oração de noite. O Vice e o versa, o sol a e chuva, a montanha e a praia, preto e o branco, e vice-versa. Engraçado que sem um, não existe o outro. É a arte imitando a vida.

Então, pego meu copo de alcóol (e você, de leite) e brindamos essa eterna distância, que nos une, que nos atrai, que nos separa. Afinal eu procuro o novo, e você é a última tecnologia. Sem manual, é claro.

A Matemática e a Gramática. Assim sou eu e você. Parecidos na pronúncia, distantes na prática.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Quase Botas Batidas

E essa alegria quase infantil, que acabou por tomar conta do meu corpo, já cansado, quando Deus me deu a oportunidade de voltar e sentir tudo com outros olhos. O sorriso amarelo que voltou, o cigarro que ficou pra trás de uma vida que se confunde entre estar bem e fazer o bem. Essa minha risada descontrolada que hoje eu mal ouço, mas que pouco importa, é a forma de agradecimento sincero pra aqueles que estiveram comigo quando minha cama não queria me deixar caminhar sozinho. O gesto de criança é acenar pro medo da morte e lhe dizer, “tchau!”.

Hoje e amanhã, e qualquer outro dia que venha a ser bonito ou feio, eu continuarei em dívida com aquele que optou por me deixar mais um pouco pra crer e acreditar na boa vontade dos homens. Ainda reclamam da maldita mania que tenho de comprar relógios como se esquecessem que isso é forma lúdica de contar quanto tempo tenho para viver uma segunda chance. Leio nos lábios de vocês a mensagem que eu parecia ter esquecido: que eu ainda posso viver feliz, apesar dessas mãos calejadas. Não, a dó eu desprezo, e a pena se foi com aquela imagem do rapaz frágil que chorava pedindo desculpa pelo trabalho. Sou um pobre velho que se confunde com o novo prazer de sentir-se capaz de tudo. Novamente.

Aquele barulhinho animado dos pássaros se foi, mas veio o som (e as palavras) de mensagens que recebo e que me confortam, que me fazem seguir adiante, mostrando que o meu apartamento vazio é meramente ilustrativo.


Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Futilidade e Estupidez – Capítulo 1

E olhando pra aquele rapaz, de seus 30 anos, no chão, pernas cruzadas, rezando e agradecendo pelo arroz e feijão, me senti incomodado por reclamar que ainda era terça-feira e a semana ainda estava começando. Pra ele, já era terça-feira. Que eu teria de ir a faculdade, e que aquele maldito restaurante que não tinha azeite. “Vida difícil!”. Pobre mortal. Eu, no caso. Certas coisas nos aparecem como mensagens, basta termos os olhares atentos a isso.

No meio de tanta gente, tantos olhares e passos apressados, fixei minha atenção ao rapaz e sua oração baixa, silenciada por um multidão com pressa de andar e pra viver. Ele reza porque sabe que talvez amanhã a história seja diferente e que a fome possa ser sua má companhia. Ele sabe que aquela marmita traz muito mais do que a chave pra fome. Traz esperança.

No mais, me senti menos com toda a devoção daquele rapaz. Não pela devoção dele, mas pela minha “não-devoção”. Lembrei que me esqueço de agradecer por tudo que tenho e que graças a Deus me possibilita a oportunidade de procurar em mais de um restaurante, o azeite que me satifaz.

Ele pedia dinheiro e ajuda mas na verdade quem lhe deve um muito obrigado sou eu. Seu gesto foi algo como um TCC ilustrativo com o título “Futilidade e Estupidez – Capítulo 1”, para que eu possa aprender. Espero não ter que ler o volume dois.

Vi que ás vezes a gente reclama de barriga cheia. E que ele reza de barriga vazia.


Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Alguma coisa

Não consegui dormir; tudo começa com a insônia. Então comecei a escrever uma carta - escrever me cura da nicotina - e pensar na bagunça que está a minha vida, eu nem sei como começar a descorre-la, o bom é que uma coisa costuma puxar a outra, até que tudo, esteja por fim, caído.
Dois goles de café, três folhas amassadas pelo chão, e o meu caderno ainda inteiro por completar. E depois, essa maldita angústia que não me larga! Só pode ser por causa do domingo, meu corpo não se acostuma nunca.
Hoje eu só quero vestir meu par de fones e esquecer de quem sou, dentro de quaqluer ônibus barato. Queria tanto que o tempo resolvesse parar nesses meus últimos meses, só até eu planejar alguma coisa.

Milena Lieto Samczuk

Sobre o passado

Aquela cara de desastre vestia tudo a sua volta. Ela só gostaria de ter pípulas que carregassem toda a angústia para longe do seu alcance, num canto escondido bem no fundo do seu corpo. Sim, seria pedir demais adiar os problemas, pois tudo se acumularia de qualquer forma no fim. Não se pode esquecer uma decepção, não tão fácil assim.
Algumas músicas a empulsionaram escrever. Mas não cartas de amor, implorando para a sua felicidade continuar nos braços de quem sempre esteve. Ela mal conseguia assistir seu sorriso através do espelho - havia ficado muito amarelado.
Agora, só faltava aturar o seu pior pesadelo até que terminasse. Enquanto isso, prometia para as paredes de seu quarto e para os quadros mortos do corredor, que iria parar de chorar em vão. Porém, vãs, eram suas próprias promessas. Tudo bem, vai... pelo menos o escuro escondia a sua tristeza, e o futuro, mais tarde, a confortaria com erros engraçados. Percebe sua vida começando à partir desse não ardido? Sei que é difícil, mas tente entender: foi apenas a negação de uma escolha única; te sobra todo o resto. Já está na hora de cair em si.
- Ei, não volte para mim.
A liberdade se fantasiou de mudanças que ela ignorou por tanto tempo, que agora lhe corre pela espinha uma enorme sensação de vergonha. Que puta idiotice! Mas sempre dá tempo, tem que dar. Coloque os óculos, querida. Você já pode ver.

Milena Lieto Samczuk

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Em Concordância com Dom Chico Chicote

Acuso esta cidade de ter esquecido seu bom jeito e sua boa índole. Seu repertório de pessoas anda grande em número e pequeno em profundidade. Pessoas rasas! Acuso a mesma de simplesmente não ser a mesma. A paixão foi trocada pelo cimento. Tornou as pessoas duras. Já não ouço os sons de passáros e eu, sempre tão falante, hoje estou me contentando com o silêncio de uma cidade que já produziu notas mais bonitas.

Você, esqueceu-se da arte! E dos artistas. A arte não tem preço e você anda cobrando caro demais pela entrada e pelo conhecimento que deveria ser de todos, de muitos, de graça. Você se tornou de plástico quando deveria ser de concreto, de verdade. Ah, acuso esta cidade de ter trocado o riso pelo choro! O verde pelo cinza.

Você, deveria seguir uma melodia acidentalmente bem pensada antes de qualquer coisa, um fluxo natural, como a Bossa Nova, mas se rendeu a mesmice do que já é velho e ultrapassado. Ver mortes e sentimentos mesquinhos já virou rotina. Novos prédios andam se erguendo em ti. Prédios... há tempos que não vejo parques sendo abertos. Falta uma pá de cimento para esse clichê, que tanto buscamos, o tal de desenvolvimento sustentável.

Por fim, acuso você de só estar crescendo horizontalmente e verticalmente! Mentalmente, quase nada.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 9 de agosto de 2008

Sem justificativas

E daí que eu ainda levanto cedo, que calço meu tênis as seis da manhã, visto uma camiseta amarelada e caminho atrás de um ano de atraso naquela que deveria já ser a minha antiga escola? Eu não ligo a mínima para o que pensa aquele monte de aluno que está na sua chance certa. Tá, talvez eu até sinta alguma inveja medíocre, insignificante. Pode até ser que as comparações com meu irmão mais velho - que realmente existem - e aqueles olhares de decepção que meus pais despejam em cima de mim sejam exagerados pela minha cabeça, alguma medida desregulada de desconfiança. Ou, quem sabe, o inferno de olhar para o espelho e se decepcionar. Depois do almoço eu sinto a prévia do sabor que teria aquele que seria o meu futuro. Isso mesmo, aquele que deixei escapar pelas mãos, que escapou com as cochiladas, com a desilusão de se achar adolescente de mais para levar alguma coisa a sério. Vou pulando a partir daí, de galho em galho, sonhando o sonho dos outros, porque até a intimidade com o meu, eu fiz questão de perder. Mas pode deixar que eu o encontro de novo. O objetivo é aquele que eu rabisquei bem grande na porta do armário, para me encher de fé sem religião, de gana toda vez que troco de roupas, toda vez que vou sair de casa.
E daí que a fumaça faz mal, que intope os meus pulmões, que amarela os meus dentes? A falta de aventura é o que mais provoca deslizes e acentua a ausência da prática. Não quero justificar um vício com a possível falta de sorte que alguém pode ter morrendo em um acidente. Simplesmente não quero justificar meu vício. Podem acreditar que ele supre uma falha na minha personalidade, que é algum tipo de adereço, ou até mesmo culpa da ansiedade. E se for, que seja.
Qual a quantidade necessária de perigo para uma pessoa se sentir de verdade viva? É algo que não se mede, e querem controlar muito a nossa vida - a minha vida. E se eu resolver arriscar o meu oxigênio? Aposto sim, aposto que vai chover amanhã, aposto que vou enjoar de muitas pessoas, e aposto que posso estruturar meu futuro em um castelinho de cartas de baralho. E se por acaso desmoronar, a gente tenta algo novo. As coisas vivem mudando. Então me diz, porque seria diferente para mim?

Milena Lieto Samczuk

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Verbo Amar

Impessoal. Imperfeito e subjuntivo, subjetivo. Prefiro chamá-lo de irregular. Nunca um verbo foi tão mal usado no presente. Ele me indicativo, quando é radical. Indica qual caminho, pra onde ir, quem escolher. E poucas vezes o usamos também no futuro.

Deixaram de gostar, de adorar. Tudo se ama. Eu o uso em primeira pessoa pra explicar como a terceira importa para mim. Também usado no segundo após o beijo. Se usado na segunda pessoa, te causa boa impressão. Não deveria ser usada só na segunda. Mas sim nas terças, quartas, quintas e por aí vai. É sempre bom surpreender.

Ah, ele também é imperativo! E hiper-ativo. Quem nunca viu um dia mais colorido quando se ama de verdade? Só porque, partindo do princípio que o partícipio “Amado” é inflexível, as pessoas também deveriam ser? Tempo verbal mal! Usado e abusado pela primeira pessoa do plural.

Sou contra aqueles que dizem que ele é verbo simples! Nunca! Ele sempre é e vem composto. Composto com outros sentimentos, emoções e sorrisos. Tem forma nominal, mas o seu nome é segredo. Como algo tão complexo e infinitivo pode perder tanto seu significado hoje em dia? Parece que não tenho mais voz, então me junto as outras vozes verbais, e digo: Ele não se explica. Ele se sente. Mas hoje não mais, se valoriza! Ponto final.


Guilherme Vilaggio Del Russo

domingo, 3 de agosto de 2008

Mau Sinal

Cheiro de Chuva. O momento anterior a qualquer pingo de água. Você não vê, mas sente. Particularmente, nunca foi um bom sinal para mim. Sempre me trouxe a previsão de tempos difíceis, de tempo "nublado", o Antes de uma tempestade. Meu horóscopo parece concordar e justamente hoje veio me dizer que meu signo tende a passar momentos complicados. Pra ser sincero, nunca acreditei muito no horóscopo. Mas bem que ele podia dizer algo de positivo hoje, para ir de encontro a esse mal que parece próximo.

"Pai nosso que estás no céu, santificado seja...". Não, eu não tenho moral. Sinto-me acolhido, vulnerável e meus olhos estão embaçados. Nem jogando água no rosto pude me perceber mais nítido no espelho. Quem dera mais nítido no futuro. E esse cheiro de chuva, companheiro de quarto, que não passa nunca! Pode chover! Por maior que seja essa tempestade, eu não vou afundar.

É tempo de se recolher, para depois buscar o sol.
Odeio a expectativa do pior. Chove! Pra que eu possa trocar o advérbio. Pra, "melhor".


Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Preço sugerido, povo à La Carte.

Atrás da vitrine, a falsa beleza exposta;
Atrás da etiqueta, que mais parece é a mais nova aposta.
da moda e das coisas mal feitas,do consumo do pobre,
da imagem e ilusão,que é comprar instintivamente.

E etiqueta é preço,
E esse preço eu não sou obrigado a pagar pra ser
Meu valor é inestimável,
Personalidade eu não vejo em prateleira pra vender

E se a personalidade não vale
nem se pode medir
o quanto devem as pessoas
que as vitrines tendem a seguir?

As tendências são as mesmas, a vitrine idem
mas os preços já aumentaram,
E eu ainda sou esboço do que sobrou de mim.
E pra mim valor não acharão!

Acabou a brincadeira. É liquidação que chega!
Organizem as filas, e taxas e números grandes no vidro,
hoje é dia de comprar e se vender.
E você, modelo? Até onde vai sua exposição?
Tenha medo amigo, pois os modelos que vejo me parecem mais mortos e sem opinião
que os próprios manequins.

Eles querem mais um no rebanho
mais um corpo pra a etiqueta usar
Do modelo de consumidor desejado eu fugi
Só procuro algo para me vestir, algo pra ser e estar,
E eu já dei desconto demais a tudo isso.

Pedra na vitrine!
renuncio os cartões C&A e descontos e promoções de primavera.
E estampas. Ah, estampas não duram nada!
E eu sou pra sempre.
Eu sou de um valor que não preço pra se adquirir.

Guilherme Vilaggio e Giuliano Bonesso (contaram na madrugada.)

Um Mundo de Photoshop

Que vida mais estranha, mais CTRL + C, CTRL + V. Toda semana é uma grande mesmice de frases, capítulos, novas tendências que tendem ser sempre as mesmas. Os locais para onde me convidam para estar não mudam de nome, nem as pessoas. Não nos damos a oportunidade de ver pela primeira vez e achamos que estamos aproveitando a vida ao máximo.

Que atire a primeira pedra que nunca disse "Eu faço meu estilo".E quem faz teu estilo é a TV. Nessa Terra-do-Nunca-Se-Aprende, não existem mais ídolos. Apenas aqueles que a TV insiste em me vender. Mas eu sou teimoso, e, como bom consumidor que sou, eu levo pra casa o que é de qualidade. Passou-se o tempo em que o rótulo me agradava. Vamos peneirar o que se ouve, o que se vê. Espero ancioso o fim dessa fase da "fama-de-15-minutos" que deixa as pessoas escravas de uma sociedade que cada vez mais valoriza a equação sem resultado positivo, Linda + burra² = perfeição total e lucros³.

Hoje, sobra computador com Photoshop. Porém, falta fotos de momentos realmente memoráveis, para que o programa seja utilizado. Perdemos o "olho-no-olho" e ganhamos esse sentimento de ser quem a gente quer. Desde que seja atrás do computador. Não, eu não quero aprender a dar mais brilho nas fotos, não quero cortar, recortar, não quero dar contraste (eu quero SER o contraste) e clarear o que parece tão escuro pra mim: Como podemos deixar de viver assim dessa forma? Eu não quero deixar meu porta-retratos vazio.

Mundo de aparências.E que parece que não vai ter fim.


Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Brincando de ilha

Perco o contato com pessoas pela preguiça que tenho de relações estreitas. Muita intimidade me sufoca, já que tenho o costume de não ser tudo aquilo que sou por pouco tempo. Não consigo ser agradável a todo o momento, mas também não sei ser diferente. Então - por mania - corro para qualquer lugar distante, aonde desapareçam os contatos. Até a subjetividade tem me cansado ultimamente. Olha que ser direta não significa ser óbvia!
Eu gosto do que é único. Do que surpreende por ser inusitado. Quero me apaixonar por rostos porque nunca mais os verei, e sentir saudade dos dias porque nunca mais voltaram. Quero fugir da rotina, do comum, do habitual, do que bóia na superfície dos outros. E tenho medo das correntes que trancam círculos sociais, porque me fiz livre.Sou assim, apenas de quem quero ser.

Milena Lieto Samczuk

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Primeira Intenção

Impressionante como as pessoas abusam de atitudes com segundas intenções. Se existe um defeito generalizado em todos nós é buscar retribuição e comportamentos parecidos. É o que chamamos de segundas intenções. E se é segunda, é porque existe coisa melhor, certo? O que realmente vale ouro é quando fazermos algo querendo tão somente o bem estar do próximo ou da sociedade.

Aquele papel de bala que você fez questão de jogar no lixo, aquela frase que há tempos você ensaiava pra dizer pra certa pessoa, o assento que você, meio sem jeito, cedeu ao idoso, a bola de futebol que caiu no seu quintal e você, pela primeira vez, não furou e devolveu para aos meninos, o elogio que você retribuiu e que desta vez foi de coração. Apreciar de peito aberto essas coisas simples e saber que as mesmas fazem a diferença. Essa com certeza é minha primeira intenção a escrever este texto.

Se vamos perpetuar algo para os nossos filhos, que seja a sinceridade. De opinião, com todos, para tudo. Essa é a maior qualidade de qualquer pessoa. É daí que podemos separar quem é de verdade, quem é "segundo plano". Não sejamos o que nós vemos na tv! Estou farto de intenções que não são de "primeira qualidade". E infelizmente, no Brasil, a maioria é assim. Mas graças a Deus, um dia me disseram que "a maioria é burra", e estavam certos.

Amanhã, opte por mudar sua atitude e faça algo sincero de coração. Pegue o panfleto da rua não por obrigação, mas porque está interessado em ajudar no trabalho do próximo. Suba os degraus, facilite o trânsito de pessoas que precisam da escada rolante. Diga mais que um "oi" mecânico ao faxineiro do seu trabalho, as vezes a gente nem sabe o quanto uma palavra nossa pode significar para alguém. Você é aquilo que ninguém vê.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Você, sempre.

E não mais do que de repente bateu uma saudade imensa de te ligar. Não deu outra, peguei o telefone no mesmo instante. Nessa vida a única coisa que a gente não pode é passar vontade de fazer acontecer. Inventei uma desculpa esfarrapada quando na verdade queria só te ouvir. E já naquele seu alô meio diferente, meio indiferente pra mim, senti que algo tinha mudado. Pra pior.

Você já não deu atenção pra minhas histórias mirabolantes. Não falou da sua saudade, não falou que queria me ver, muito menos cantou um pedacinho da música que fazia a balada da nossa história. Me falou de amigos seus que nunca vi, de coisas que estranhei você fazer, de um jeito que nunca tinha me machucado como aconteceu ontem. Eu sei que preciso parar com essa mania ridícula de querer ouvir das pessoas o que eu quero ouvir.

A mania de achar que o mundo gira ao meu redor, eu já larguei, e você que me ensinou. Sei lá, talvez tenha te ligado pra te agradecer, pra pedir pra você ir lá em casa e dizer que sinto sim, saudades.Não foi bem o que aconteceu.

Sei que a vida não é como a gente sempre sonha. Mas, por favor, não mude porque a sociedade lhe pede isso. Futilidade não combina com você, nem o seu “alô indiferente”.Era tão bom te ver dizendo que queria mudar o mundo, que até me dava esperança. A mesma esperança que terminou ontem quando desliguei o telefone e percebi você tão longe. Longe de mim, longe de tudo, longe do que você mesma já foi um dia.

Não mude. A vida lhe pede uma outra pessoa? Dê a ela uma. Personagem. E seja
você, sempre.

Guilherme Vilaggio Del Russo.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Cansei de ficar vendo vitrines...

Cansei de ficar vendo vitrines. Elas não entendem o que eu quero, muito menos o que eu sinto. Elas me separam daquilo que desejo. Pra ontem. Elas me mostram preços que não posso pagar e produtos que preciso ter. Eu mereço muito mais do que simplesmente pagar as contas do final do mês e se preocupar com o cheque especial.

Cansei de ficar vendo vitrines. Porque se eu olhar atentamente, vejo o reflexo de mim e o reflexo do que não posso ter. E então, perco tempo imaginando o que não posso ser com aquilo que está do outro lado dela. Minha vontade é entrar e poder escolher o que quiser. “Por favor, embrulha pra presente!”. Pra mim mesmo. Se dinheiro não traz felicidade, ele me faz satisfação e orgulho.

Cansei de ficar vendo vitrines. Eles são geladas e meu vício é doce. É doce porque vicia, porque quanto mais eu vejo por trás delas, mais eu quero para mim. Me deixem ser humano! Egoísta, materialista, impaciente. Não quero pensar muito, porque se pensar, não compro, e hoje, eu quero ser irracional. Quero fingir ser mais feliz com aquilo que tenho e não com aquilo que sou.

Sonhar não custa caro. E no momento, eu só posso ter o que sai barato. Por enquanto. Cansei de ficar vendo vitrines...


Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Para desistir

Sinceramente eu não sei o que pode ser feito. Sei que a muito tempo, algo emaranhado dentro de mim foi desfeito, por despeito seu. Livrou-me tão perfeitamente de um amor que começou torto e continuou crescendo assim, fim. Mas e aí? Precisava das garantias. Pretendo continuar com elas, como um amuleto ou quem dirá uma bússola. E elas dizem para eu ficar aqui, exatamente aqui. Então meus olhos, meu corpo, minha cabeça pedem cama, descanso da distância.
Olha, eu não alcanço aonde vão meus sonhos. Quisera eu aprender a estar em dois lugares ao mesmo tempo. Ah, mas talvez se eu tivesse uma escada, escolheria a escala da sua cidade e escalaria seu coração. Sabe que eu odeio ter as mãos atadas para te provar as coisas enfeitadas que vivo dizendo? Isso quando justamente estou sendo tão eu. Mesmo sem esperanças - ou assustadoramente cheia delas - continuo esperando.

Milena Lieto Samczuk

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Diário na calçada

Na noite fria, aparece de pés descalços. Não lhe importa se é na areia ou no asfalto. É só mais um lugar sujo do teu corpo cansado. Abre o jornal, mas não lê. É colchão, e as palavras o aquecem. Poderia dar conforto, se ao menos ele soubesse ler.

Acende o cigarro que achou jogado, tentando buscar o calor que a sociedade lhe nega. O pão velho que come é fruto de coleta seletiva. E ele também. E quem o seleciona para estar ali?Além de seletivo, descartável. Se morrer, é só mais um. Aliás, é menos um. Mais um que nasceu. Pra morrer.

Atravessa a rua e você também. Obviamente, para lados opostos. A minha pena têm distância certa, e quanto mais longe, melhor. E daí para o preconceito, é um pulo. Roupas rasgadas, cabelo sem jeito, sem cor, sem dinheiro,sem-teto, sem graça, sem sorriso, nem nada. Alma dispersa vagando na busca da sobrevivência de mais um dia. Futuro? Já ta difícil viver o presente, imagina pensar no futuro.

RG com novo significado: responsável geral. Quem? Eu, você, nós, contra a condição da contradição que é este país. “Brasil: um país de todos”. Todos quem? Para ele, não. Ele não tem nada. Não tem onde dormir, nem o que comer, sem pátria, nem direito, nem esquerda. Ele tem mais um texto que nunca vai ler.

Continuamos escrevendo em cima dele, o mendigo. E ele continua dormindo sobre elas, as palavras do jornal.


Guilherme Vilaggio Del Russo.

sábado, 14 de junho de 2008

Talvez pra um outro dia...

Abri a gaveta da cozinha em busca da bolacha que meu pai costumava comprar.Sabia que não teria. Entrei no computador pra buscar um novo amor. Cozinhei a salsicha em busca do gosto de macarrão. Esperei mensagem de madrugada. Dei dinheiro ao mendigo em busca de salvação e agradecimento. Olhei-lhe no espelho de lado, pra ver se o perfil ajudava. Acordei para ver o mar. Tentei procurar em meus armários roupas que nunca pude ter. E cartas também. “Onde está o perfume que eu gostei e nunca tive?”. Enxuguei a louça buscando orgulho. Fui a pé mas queria ir de carro. Hoje, um só meu. Atendi ao telefone com um novo jeito de dizer “alô” só para te agradar. Era engano. Acendi ao cigarro buscando conforto e bem estar. Abri a porta e não te vi.


Tem certos dias que eu me pergunto “Sou o único a esperar pelo improvável?”. Talvez.
Imagine pelo impossível.


Guilherme Vilaggio Del Russo

domingo, 1 de junho de 2008

Apenas

Ela não permitiu que o sentimento que conquistava seu peito descorresse junto com a conversa. Sorriu olhando para baixo, escondendo a vergonha. Ele fingiu ver as horas para tocar seu pulso, e ela manteve a mão firme, por mais que o terremoto por dentro a fizesse estremecer. Negou um beijo, dois, três. Ela estava sendo mais forte que um guerreiro em batalha. Mas a luta era interna. Três anos antes, jurava amor eterno. Agora se convencia de que havia o superado. O ódio, irmão do amor, era contido, refugiado no canto de alguma parte de seu corpo. Uma hora chegaria sua vez. Ela só não sabia que querer ia sempre, a mesma, a mesmíssima pessoa por todos os santos dias do resto da sua vida. Fingir não fazia de uma mentira verdade. Não, ela não o esqueceu. Eles ainda pensam um no outro, apenas não se pertencem mais.

Milena Lieto Samczuk

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Eu não sei rezar

Digo que ainda não sei o que é Deus para mim. Comprei um escapulário para me proteger de medos que eu só ouço de terceiros. Preucação. Existe alguém lá em cima que nos dá força para continuar “todo-dia-santo”, mas não me obriguem a saber seu nome, nem quem é ele. Eu faço minha própria fé. Eu não sei rezar.

Todos os dias recebo papéis que me ensinam a quem, como e quando rezar, mas me perdoem, não existe fórmula para pedir a sua proteção perante ao todo-poderoso-sem-nome. E se existir tal fórmula, vou passar a vida no caminho errado. Converso com ele lá em cima, como um amigo. Não peço milagres. Aliás, não peço nada. Eu agradeço e só. Não tenho moral para tanto. Eu só quero proteção e isso ele sabe mesmo antes de eu pedir.

Este senhor é ótimo psicólogo. Ele faz as pessoas acreditarem no seu próprio potencial, algo tão esquecido de nós hoje em dia. E elas conseguem. Culpa dele? Também, de todos nós. Ele nos dá aquilo que a gente já deveria ter: força de vontade e coragem para lutar por aquilo que somos, queremos e almejamos.

Sei que minha fé é solúvel. Mas também sei que este rapaz não gosta menos de mim por isso. Respeito e admiro toda e qualquer demonstração de fé. Então me deixem com a certeza de que ele me escuta e me protege.

Sem fanatismo. Ele sequer tem um nome.


Guilherme Vilaggio

sábado, 17 de maio de 2008

Seis mil quinhetos e setenta dias

Deitada no assoalho, molhando a manga da blusa com dores de cutuvelo, dormiu. Afastou os pensamentos das noites de festa em avenida movimentada, dos abraços com cheiro de confiança, das rodinhas de violão com músicas repetidas. Desfez os sorrisos falsos. Chorava a nostalgia, e a falta de tato que tinha o passado. Era a perda, não de uma pessoa, mas de muitas personalidades. Reclamava o começo de um fim, gritava o distanciamento da juventude. Primeiro foram lhe tirando o chão, depois lhe foi imposto um teto. Os joelhos que já não funcionavam mais, dobraram e cobriram a barriga. Por horas, ainda ao assoalho, ficou em formato de feto com os olhos vendados pelas lágrimas. Abafou a respiração e passou a rir, num ponto de desespero. Deu-se conta que outra menina sentará no seu lugar, abraçará seus outros amigos, cantará as mesmas músicas e vai rir das mesmas coisas. Ninguém é insubstituível por tanto tempo.

Milena Lieto Samczuk

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Um Qualquer

Ele nunca foi tão importante. Não aparecia em sonhos, não tinha muitos trejeitos que agradavam a terceiros. Ele era menino. Já não era tão tímido na época. Sempre foi tranqüilo e gostava de correr. Literalmente. Era a primeira vez que ele buscava presentes em datas que ele nunca antes tinha comemorado. Pensava se estava fazendo direito e se a fazia feliz, sempre.

Mas não era ele e no fundo, ele sabia. Era muito lutar contra Deus, contra um, contra outro, contra o passado. Era um qualquer, qualquer um. Ele brincou de crescer e não quer mais parar. E ele ainda se pergunta “Porque jogar tanto sentimento pela janela? Porque sempre o caminho da dor?”. Porque o amor está fora de moda.

È, ele está fora de moda.

Ele foi “um momento”. E foi só isso. Ele foi brisa que passou e que não deixou marcas. E logo ele, que adorava brincar com “ponto final”, não viu nada além disso para uma história que prometia reticências..

Guilherme Vilaggio Del Russo


sábado, 3 de maio de 2008

Abstinência

Costas com a parede, braços de abraço com os joelhos. Os ponteiros que giravam eram a sua única preocupação. Ansiosa pelos minutos, o frio lhe castigava o rosto e os lábios maltratados estavam ressecados. A barriga reclamava por comida, e ela só reclamava a solidão. Quando é noite e escuro, tudo parece mudar de cor e tamanho. E assim, se via pequena demais para aquela sala, quase sem móveis. A distração cochilou nas luzes que passavam correndo pelo seu tapete, sempre que um carro dobrava a rua com os faróis acesos. Mas logo vem o sol, pontual, pensou ela. E esperava por sua visita, e pelas visitas que viriam com a sua visita. Aguardava o calor e guardava rancor.
Recobrando o gosto do passado decadente que caindo lhe trouxe até alí, como quem leva um tropeço em um lance de escadas, dois pingos de tinta vermelho sangue à cheiro de ferro, mancharam o jeans. Era o nariz chorando as sensações de poder dos tiros de rebeldia.
Ela se levantou e foi até o lixo do banheiro. Nasceu esperança de recuperar os dois anos que abandonou ao acaso. Mas já era tarde. Lembra? O sol estava a caminho.

Milena Lieto Samczuk

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Quando encosta o fim

Deve ser horrível envelhecer. A cozinha branca tinha alguns detalhes em preto e cinza, e a mesa intupida de comida, estava cercada pela família toda. Um homem frágil feito um bebê tinha a pele manchada, a boca trêmula e os braços sem força alguma. Tantas vozes juntas e mesmo assim, seus ouvidos se perdiam nos seus olhos, que se perdiam no seu próprio passado. Ele assistia à sua infância, à sua timidez no primeiro encontro com a velha sentada ao seu lado, aquela moça de quando juntaram as vidas. Já foi neto, filho, irmão, pai, tio e avô. Já foi, e já está indo. Nem o relógio lhe agrada mais no pulso, o tempo passa assustador. Os gestos amargos creceram junto com os anos, e já não existem mais chances de consertar a maioria dos erros. Das coisas que ele vai deixar para trás, só sentirá falta do que nunca teve e deixou de fazer. Coisas que viraram um buraco, do tamanho do seu corpo, uma cova bem funda no esquecimento das gerações não nascidas.
Então ele se levanta, porque já é hora de ir. É hora de estar em casa, de tomar remédio, de ir dormir. As pernas desobendientes mal erguem sua coluna, e os braços desconfiantes se agarram a qualquer coisa para mantê-lo em pé. Fala do prazer de rever todos os presentes, um abraço e um beijo de cortesia para cada um. Sua mão passa pelo encosto de todas as cadeiras, pelo ombral da porta, e pela maçaneta também. Chega a ser vergonhosa a falta de precisão, mas ele finge que passa por cima, e que não acabou. Deixou a casa na esperança de voltar no ano que vem, mas vai saber quantas mais hemodiálises ou injeções de insulina ele irá sobreviver. É tudo uma questão de tempo.

Milena Lieto Samczuk

sábado, 19 de abril de 2008

Hino a todos os Raros

Somos uns sinceros num mundo onde hoje isso deixou de ser uma qualidade. As pessoas normais nos cansam. O modismo está fora de moda assim como o amor. Nossa luta em convencer os outros pelas palavras parece tão vã e difícil. Somos eternos rebeldes e inconformados com a podridão do ser humano. Mesmo assim, a gente estica e estende a mão para o primeiro desconhecido na rua.

A gente é daquele tipo discreto, mas marcante. Do tipo que experimenta um ou dois cigarros, só para ver se ele se adapta ao nosso estilo. Somos filhos dos anos 70, cheia de revolucionários e ideais, vivendo na mesmice de um século XXI, sem tom.No nosso relógio, falta um minuto para tudo: tudo dá tempo, o tempo dá tudo. Estamos em plena campanha contra a vaidade. Vaidade de sentimentos. Somos um apunhado geral de pessoas sem pudor de dizer eu te amo.

Resumindo, somos loucos pela vida, apaixonados pelo sorriso sincero, pelo sabor das palavras. Irmãos de all-star. Nos encontramos num trecho de nossas vidas e eu quero torná-lo para sempre. Diferentes,vibrantes e otimistas. Nós, somos raros...

Guilherme Vilaggio Del Russo

domingo, 13 de abril de 2008

Não era comigo

Ainda me pergunto como desvei sua atenção toda para mim. Não era comigo, e sim com seu desvio para todo mundo. Uma hora perco o que consegui tão fácil. Preciso aprender a te entreter, ganhar tempo para segurar você. Me falta força para te carregar por algum tempo, e sei também que te falta vontade para deixar de usar seus próprios pés. Planejo a vida de todos e reservo um espaço para mim, mas é impossível planejar você. Acho que sou espaçosa demais e parece que vou estar sempre atrasada. Ah, pontualidade nunca foi o meu forte mesmo.

Milena Lieto Samczuk

terça-feira, 8 de abril de 2008

Eu sou só eu...

Abri a gaveta e guardei o panqueke e o lápis de olho. Peguei o figurino e coloquei para lavar, mesmo sabendo que não haverá outra vez. Minha face pedia um pouco de água para me limpar, de tantos personagens durante esses 6 anos. Pela primeira vez, com a cara limpa e alma lavada, olhei-me no espelho e não vi nada mais que um rapaz de 19 anos. Mi vieram tantas falas, tantos gestos, bocas e caras que um dia já fiz, mas não são minhas. A partir de hoje, eu sou só eu...

Nestes 6 anos, o palco me deu a oportunidade de ser quem e como eu quisesse. E como me caiu bem essa idéia. Eu odiava ser eu mesmo, quando pequeno e buscava lá em cima, o meu refúgio, minha Terra-do-nunca. Fui mito, fui herói, fui parceiro, fui Eduardo, fui mocinho. Fui ladrão também. A partir de hoje, eu sou só eu...

Sentirei falta das borboletas brancas invadindo meu estômago e do antiquado método de “Merda” antes de cada apresentação. Como sentirei falta do calor do público chegando a mais um espetáculo, e eu ouvindo seus passos e gritos. “Eles estão lá fora e a culpa é de vocês. Eles estão lá, somente para ouvi-los.”,diziam os diretores. E é fato.

Todo ator tem seu papel perante a sociedade de atentar, mostrar e questionar toda nossa problemática diária. Saio convicto de que só destas maneiras lúdicas o ser humano vai se e nos compreender, em busca do comentado ( e não buscado), “mundo melhor”. E quando atingirmos, este patamar, o teatro-nosso-de-cada-dia terá cumprido o seu papel.

Eu poderia perder horas dizendo o quanto estar no palco me ajudou como homem, mas me contento em dizer que sou mais feliz.

Hoje, já não escuto mais o som abafado dos aplausos, nem tampouco emoções alheias, críticas ou elogios. Fiz e preciso continuar fazendo meu papel de cidadão, de homem, de ator. Cabe a cada um de vocês da platéia, ( seja a platéia de si mesmo, o tempo todo ) de nos questionar e formular hipóteses de como entender melhor tudo o que já foi dito.

Obrigado, teatro-nosso-de-cada-dia. Não, não leve isso como um adeus. Quem tem a arte independente no sangue, nunca renega suas origens. Leve como um... até logo. Hoje sou mais do que 1 em um milhão. Sou um milhão em 1. A partir de hoje, eu sou só eu...

Guilherme Vilaggio Del Russo.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Questão de gosto

Pega no meu braço, mastiga a minha vida e cospe suas respostas. Da dor que sobra na minha angústia se fez o combustível da sua fuga, e dentro daquele buraco que ninguém colocou em mim, ainda se perdem gestos. Não tenho mais forças para escalar o muro de dificuldades que você construiu entre a gente. O tempo envelhece as pessoas e os seus hábitos. Te vendo sério, ainda sinto falta da sinceridade no hálito da sua conversa. Se desfez o impacto, e o tempo passa descontraído, quase sempre destraído para o queríamos de nós dois. Não decidi escolher de um só para falar, se todos tem um restinho do mesmo; os atraentes cabelos escuros, as vidas e personalidades tortas, e os defeitos que me interessam.

Milena Lieto Samczuk

segunda-feira, 31 de março de 2008

De novo

Ele poderia pegar o melhor atalho de idéias, que ainda assim chegaria atrasado para me deixar um boa noite em cima do criado mudo e um beijo de sobremesa. Tudo bem, quando sou eu quem vivo reinventando o nosso tempo. Tem sempre um último ônibus para pegar, um jeito novo para te agarrar. Não faço o seu estilo, e você já percebeu que sua mão sufoca a minha. Mesmo assim, senti muito a sua falta hoje e da pontualidade física, do abraço perfumado de você, das piras com as pessoas que estão nas salas de luz acesa dos prédios ao nosso redor. Cheguei a me esquecer que sua altura e sua presença tão forte me cansam, cheguei a me esquecer que a perfeição não me encanta. Essa noite, com aquela luz amba do teatro, mais as minhas mãos dadas a roda cheia de ídolos, instantes antes do espetáculo começar, seu nome gigante veio e preencheu minha cabeça. Com as pálpebras escondendo meus olhos, visualizei seus caichinhos, senti sua voz acarinhar minha nuca, me arrepiei. Sou escorregadia, ausente, distante, eu sei. Mas por enquanto estou querendo grudar em você, de novo.

Milena Lieto Samczuk

sexta-feira, 28 de março de 2008

Novo Amigo Velho

Costumo abrir a janela todas as noites e olhar para os arranha-céus de São Paulo que pintam a cidade de cinza e dão uma boa “pitada-sem-sal” na vida de muitos de nós. Ontem não foi muito diferente disso.

Para mim, 10 minutos olhando nesta janela são suficientes para acordar melhor no dia seguinte. São nesses dez minutinhos escuros a minha frente, que ele sempre aparece. Aparece sem jeito, ás vezes apressado e meio pertubado. Não olha para trás, nem quer saber se e quando precisaremos dele. Nos dias em que mais estou ansioso por ele, sempre vem devagar, sempre vem sem pressa. E também nos dias em que já não espero por ele, ele vem com força e muda tudo, muda muito. É o único cara que eu conheço que não brinca de sentir saudade.

Confesso que já fomos inimigos mortais, mas hoje nos tornamos amigos daqueles que dividem longas histórias. Me disse certa vez, que as pessoas não costumam aceitá-lo, mas que não se importa a aparece de qualquer jeito. Pensando bem, creio que todos nós, precisamos dele. Um pouco, um pouco menos, no momento certo. Acho que o grande problema é saber lidar com este meu amigo. É aceitar que, e da melhor maneira possível, que ele traz, leva, afasta, ajuda, interrompe, mas que assim como qualquer um, faz parte da vida. Ontem, me disse que, no começo, as mudanças que ele traz parecem ruins, mas que o final, os sorrisos voltam.

E, como sempre, o fim dos meus dez minutinhos se passaram depressa, mas meu amigo me deu a certeza que hoje, ele vai aparecer de novo, dizendo aquelas frases "sem nexo" dele que “todos somos coadjuvantes, e ele o ator principal” e blá-blá-blá. Ele adora criar verdades e realidades.

Amanhã, antes de deitar, vou ouvir mais histórias. Histórias de um certo Tempo...

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 26 de março de 2008

Me traz e faz tonta

Um cara passou pela gente e os espasmos, espasmos que eu não sentia dentro de mim ficaram naquela rua. A calçada dizia seu nome junto dos faróis dos carros. Eu não sei se aqui dentro, mas o conhaque, a cerveja, os tragos e a fumaça tinham a sua forma. Tudo pedia você. Aquela cidade, talvez aquele estado, ou até mesmo o meu estado. Mas minha coragem sempre de covarde me distancia do que eu nunca tive, e sempre - desde que acordei liberta - quis você.Das maiores dúvidas que moram em seus dedos eu lapidei a minha certeza, seja aqui, alí, hoje ou sempre. E cada vez mais lentamente meu cérebro, meus neurônios, e as células de todo o meu corpo giravam para fazer dos planos lembranças de coisas que ainda estavam por vir. Parece sempre que solto o mesmo som, que escolho a mesma marca para os diferentes passos que ressoam nossos atos. Não vou correr com medo ofegante de me cansar, mas descanso no cheiro que nunca senti, nas músicas que nunca ouvi, nos beijos que nunca dei. Mesmo em dimensões contrárias é você quem me traz e faz tonta.

Milena Lieto Samczuk

sexta-feira, 21 de março de 2008

Nós

Escorreguei nas letras do seu nome, afundei nas idéias mais terríveis. O fim do que me incomoda pode te libertar para algo ainda pior. Mudar sempre nos infla com muito gás, mas tem sempre aquele risco de explosão. Então preferi me sentar numa cadeira bem grande e confortável para esperar você perder a paciência e um pouco da segurança. A década pode até trocar, só que eu sei que o seu lugar é bem no meio do caminho. Com meus dedos apontados para uma mesma pessoa, as mãos fazem questão de segurar forte. Mas meus braços anseiam por abraçar o mundo e todas as suas possibilidades. Não sei escolher, e nunca me ensinaram a controlar a ambição. Por isso eu vou querendo sempre mais, de mim e de você, até que sejamos a mesma palavra: nós.

Milena Lieto Samczuk

sexta-feira, 14 de março de 2008

Lista de Botas

Ontem me deitei na cama e começei a esboçar a minha lista de coisas que preciso fazer antes de morrer ( ela anda tão em moda hoje em dia ). Mas, espere! Mal tenho meus vinte anos e já estou pensando em morrer?Pois é. Mal tipicamente burguês.
De qualquer modo, continuei. Pouco tempo depois, minha lista já estava com 25 itens e percebi que precisaria de mais uns 200 anos de vida ( e olha que exclui os itens "Discursar no plenário" e " Conversar com Fidel") . Mas logo me veio o porque de tanta coisa incompleta na minha lista: falta de ousadia, de querer mais.

Eu poderia muito bem estar indo atrás destes 25 itens do que simplesmente escrevendo-os, não é mesmo? Mal tipicamente burguês número 2: A gente vive planejando o que têm medo de viver. Então vi que passo muito tempo da minha vida, desperdiçando oportunidades de reduzir a minha lista. Vi que todos os dias resolvo e busco por "pseudo-sonhos" que, quando aparece a oportunidade fazer uma lista como esta, sequer são lembrados. São realizações impostas por uma sociedade, um sistema. Acho que, ( e aqui eu abro espaço para vocês estarem ou não comigo ) falta coragem para estar e agir para nossas próprias metas. Falta sermos um pouco mais de nós.

Obviamente, levantei-me apressado e joguei a lista no lixo. Eu, 20 anos incompletos, já estava atrasado para cumprir o que ME prometi. Afinal de tudo, o prazer da vida não está em escrever a lista. Está em cumprí-la.

Guilherme Vilaggio Del Russo

terça-feira, 11 de março de 2008

Vem

Ainda espero por suas tentativas. Eu faria de um tudo para alcançar sua perfeição. Mas suas mentiras são doces, brancas como a neve, e escorrem pelo bueiro depois que o sol as derrete. O sutil da sua aparição fez de mim um quadro, obra sua, pendurada na parede para uma doentia admiração. Não, eu não saberia explicar o que você não sabe explicar. Porém, escuto o que você não pode dizer. Seus pensamentos ganham volume quando seus atos decidem fazer papel de microfone. Então chega mais pra perto e me abrace por trás. Prometo deixar meu pescoço livre para você assinar com os dentes. Mas se você ousar mudar... não ouse jogar para trás dos ombros nossas manhãs cantando por bom dia! Deixa eu te mostrar todas as coisas que podemos fazer com nossas roupas jogadas aos pés da cama. Deixa eu te mostrar o cheiro do meu mundo, a cor que eu quero ver. Vem que suas aspirações já enchem meu pulmão, e os seus sonhos e os meus objetivos já são como irmãos.

Milena Lieto Samczuk

Empoeirado

Todos os dias eu pintava meu sorriso de amarelo. O cigarro que eu acendia a cada manhã se agarrava aos meus dentes. Eu despertava com uma dor de cabeça chata e incontrolável, era o ciúme me alfinetando. Ele desenhava maluquices para os meus olhos e eu coloria com ódio.Você foi meu ensaio. Foi ter o céu e não ter nada. Tentando ignorar o seu melhor, encontrei a parte mais podre de mim. E já que o meu melhor sempre quis te acompanhar, deixei que fosse.Era noite quando senti todos os ossos se quebrarem, furando alguma ponta da minha cabeça. Logo depois de eu ter colocado todo o seu peso dentro de uma caixa pequena. Aliviei meus ombros e cobri a poeira acumulada em cima do guarda-roupa. Com o tempo, você se cobriria de pó também; com o tempo, você se esconderia no passado, e ele te mancharia com o esquecimento. Aprendi a andar mesmo sem equilíbrio, seguindo sua linha reta, rabiscada de giz no asfalto. Você riscou e os meus pés a apagaram. Agora não lembro o caminho de volta para os seus braços, mas acredite, não estou perdida.

Milena Lieto Samczuk

Baile

O divórcio do silêncio profundo com o mais bonito escuro de olhos fechados, se deu com uma nota de piano; ela vibrou até que morresse muda. Queria não conseguir escutar os passos deslizando bem longe de mim, no salão do baile de formatura que não fomos. Os saltos riscam os nossos nomes no chão enquanto eles dançam a nossa valsa. Roubaram a nossa música, ela não se encaixa na festa deles. Nem o nosso vazio caberia no peito deles.A umidade nas paredes do meu mundo apodreceram o meu cérebro. Se cai um cisco, aqui dentro é tempestade e o céu desaba à terra.

Milena Lieto Samczuk

terça-feira, 4 de março de 2008

Tempo

Quanto dura a dor? Quanto dura o som, o amargo na boca e a imagem de um pensamento?
O tempo não respeita, ignora o nosso humor. É sensação, incalculável.
De tentar aprisioná-lo em números, gritamos a nossa escravidão perpétua. Criamos a maior distância de todas. Mimamos uma criança que contradiz às normas das nossas vontades. Quando ralentado vira o tédio, tão doloroso quanto uma súplica mal ouvida. Mas quando apressado é ladrão, roubando seu rosto jovem dos meus olhos, decompondo sentimentos e como uma traça desfazendo épocas, igual o asfalto que desgasta a sola do sapato. Um reflexo inverso do que quero, alheio aos meus movimentos. É uma esteira correndo, desprezando as pernas cansadas, arrasta qualquer um. As vezes aparece como o vento, sem cor ou forma, nos fazendo sentir o calor dos dias e o frio rigoroso dos longos anos. Há segundos mais demorados que semanas, e meses mais curtos que minutos.
Mesmo presa, prometo que por você, vou afogar meu passado, atravessar o presente e te colocar no futuro, no meu futuro.

Milena Lieto Samczuk

A Cortina da Minha Sala

Ontem pela noite vi que uma mariposa tinha acabado de pousar na cortina de minha sala, o que me trouxe a sensação de sorte. Sei lá, mas estes últimos dias, tenho reparado mais na cortina de minha sala. Ela andava tão suja e tão fechada que era impossível ver o que vinha adiante. Ela encobria o que vinha depois. Confesso que não vi ninguém tirando a cortina para lavar, muito menos vi alguém abrindo-a. Mas hoje ela me parece tão mais viva, tão mais transparente e bonita, que vejo, não só a mariposa que me indica sorte, mas também o que está atrás dessa cortina: o futuro, o logo-em-seguida, o dia depois.
Ah, se minhas cortinas falassem. Só elas me acompanharam durante dias felizes, dias de sol, de granizo, dias que eu esperava por alguém, dias em que eu só queria usar os panos delas para me esconder. Me deu a oportunidade de ver um futuro feliz e se fechou rápido quando eu precisei de um tempo só a mais na minha sala.
Cada dia mais tenho certeza que vejo a cortina do jeito que eu gostaria que vê-la e não como ela realmente é. E ela andava tão fechada.

Mas nunca é tarde para abrí-la e ver a poeira da sala se renovando um pouco. E você, como está a cortina da sua sala?


Guilherme Vilaggio Del Russo

domingo, 2 de março de 2008

Sonhos a sua maneira

Parei de tentar te advinhar. Já ficou cansativo decifrar seus braços cruzados, o silêncio acumulado pelos cantos. A vibração da porta que você bateu foi o pior dos socos que eu já tomei. Me tranquei no quarto com as luzes apagadas, e o cheiro forte da saudade quase me sufocou. Você e essa sua péssima mania de me deixar sempre o mais perto do chão. Somos tão diferentes quanto o oposto do oposto. Temos os mesmos medos e não venha você me dizer que a gente querer a mesma coisa é coincidência. Meu receio é de que a gente não termine, mas passe da validade.

Milena Lieto Samczuk

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Dissabor

Sei que praça não tem gosto, mas aquela parecia deliciosa. Atravesso ela todos os dias, e só hoje ao notar que os bancos - muito bonitos, é verdade - não tinham encosto, me senti bastante atraída pelas mesinhas de madeira da cafeteria de paredes de vidro. Confesso a vergonha, e só comprei um café para poder me sentar alí. A brisa descontraída flertava com a sombra fresca, e essa me pedia um pouco de leitura. Tratando-se de um livro pequeno, de capa azul claro, com uma sinopse bastante interessante, insisti em lê-lo já sabendo que ele não consegue prender meus olhos, continuei pelo tamanho do carinho que guardo por quem me indicou. Mas as palavras complicadas e muito bem escolhidas logo me perderam para a caneta e o restinho de papel que carrego na bolsa.
Hoje saí de casa com o sangue quente de discussão, quase chorando de raiva, minha caligrafia ainda sofre por consequência. Porém, agora estou calma. Sentados a minha frente, me divertem um casal de alemães conversando, mesmo assim, não me livrei do tédio. Nesses últimos dias tenho me feito de assassina só para matar o tempo. E essa manhã só valeu pelo gostinho de mantecal que me sobrou na boca. Juro que se soubesse que esse café é tão bom, teria começado a freqüentar aqui a mais tempo.
Ao telefone, na noite anterior, prometi ao meu amigo que lhe escreveria uma lista das coisas que eu gostaria de fazer antes de morrer, e ele me faria o mesmo. Anotei uns vinte itens que apesar de muito atrativos me enchem de preguiça. Sabe, as vezes acho que o desânimo implora para que eu fiquei sem fazer nada, e me faz querer justamente isso. Então, pra que lista?

Milena Lieto Samczuk

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Intervalo

Perdi uma consulta, um sonho que esqueci dentro de qualquer gaveta e boa parte da minha alegria que ficou no ensino médio - essa última eu ainda recupero. Desisti muito do curso, do curso da minha vida. No meio da ponte eu peguei no sono, quando levantei era tarde demais.
Malditos comprimidos! Me atrasavam, comprimiam minha energia ao tamanho de uma ervilha. Eu faltava estando presente, com a cabeça sempre mergulhada na carteira, sufocada em um apartamento pequeno confundindo as minhas vontades utópicas. Duas famílias diferentes separadas apenas por uma parede fina de concreto. Hoje escolhi morar com a realidade de pés no chão. Eu devia ter me mudado a muito mais tempo.
- Mi, acorda! Vamos descer pro intervalo.

Milena Lieto Samczuk

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Apressado...

Como conseqüência inevitável de viver em São Paulo, tornei-me apressado demais. Apressado até mesmo no meu andar tranqüilo, característica tão presente em mim. Para nós, paulistanos, as horas passam mais depressa, assim como o que acontece com em nossas vidas. O gesto que eu deixei para ontem já não me cabe mais hoje, ela já não se faz necessário. Até meus sapatos andam mais desgastados que normalmente e me pedem um descanso. Mas, além de apressado, ando meio teimoso.

“A pressa é inimiga da perfeição” é um ditado fora de moda para mim. Hoje, tomo ações que só vão se mostrar se foram corretas ou erradas, daqui para frente. Ando apressado e mesmo assim, sou escravo do futuro. Ando me apressando para conhecer o que não se escolhe hora certa para acontecer. Talvez seja a hora de puxar o freio de mão.

“Mal entendi ... do” que falou uma vez meu pai, quando me disse que “Tem certas coisas que a gente não escolhe tempo para acontecer, elas acontecem” e algumas delas simplesmente acontecem na hora errada, bagunçada da nossa vida. Ou acontecem e a gente não queria. Mas acho que tudo na vida tem seu tempo, e quem não precisa de tempo? O tempo também pede tempo, e a partir de agora, eu lhe dou.

"Mal entendi… do" que falou outra grande pessoa para mim, quando me disse “La vida és hoy y hay que vivir-lá intensamente.” Logo eu, que vivo brincando com as palavras, escolho o pior significado delas nesta frase, só aquela que me convinha para meu próprio bem estar.
Ando apressando pés e o coração e hoje eles me pediram um tempo. Tem horas que meus sapatos pedem uma estadia maior nas prateleiras. E o coração, batidas de 80 por minuto.

Preciso apressar-me em deixar de ser assim, tão apressado…

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Será assim só esperança?

Mais uma vez a sorte é lançado nesse joguinho de dados que se chama Vida. Tá tudo tão escuro lá fora, o que contrasta um pouco com meu coração quente, que bate agora mais forte. É o mesmo coração que diz ( estranhamente ), “Vamos com calma”, ao que sem demora, eu respondo “Porque não?Deixe-me enganar”.
Acho que todos nós, seres inteligentes e óbvios que somos, sabemos que é impossível viver somente com uma só escova de dentes no banheiro...

Mais uma vez, minhas mãos se sentiram reconfortadas no encontro com outras e hoje eu volto mais feliz para casa e com a sensação do dever cumprido. Do dever de estar apto a sentir e viver certas mudanças que antes me causavam medo, do dever de nunca desistir de ser feliz. Até porque, só vamos encontrar a felicidade se estarmos dispostos a procurá-la. E neste final de dia, abriu-se um sorriso sincero em meu rosto, o que mostra que pode até chover lá fora, mas abre-se um nascer do sol aqui dentro. Se este sol vai durar dias, meses, anos, eu já não sei, é querer saber demais. Tem coisas que não se explica, vivê-se e ponto final.
Mais uma vez fiz de uma blusa, um cobertor para dois. E não me sinto nem um pouco culpado por isso.


Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Permitam-se!

Hoje de manhã, quando peguei o ônibus-nosso-de-cada-dia, ele já estava mais cheio que o habitual, o que me mostrou que o ano realmente começou, apesar de eu já ter riscado 42 dias do meu novo calendário.

Juntos com os riscos no calendário, o lápis pede para que eu escreva uma palavra, para ser mais justo, um verbo que vai resumir este 2008: permitir.É isso mesmo. Chega de pudores, chega de ações que ficam só no campo dos pensamentos!

Me permito por exemplo, acordar de mau humor e esticar meu horário de almoço. Não é todo dia que você quer trabalhar, e nem por isso você deve-se sentir um má pessoa. Permito-me ficar triste por 2 ou 3 dias, mas somente dentro de um mês. Não quero forçar sorrisos. Me permito ser menos discreto e sair da sala da faculdade quando quiser. Não vou me lembrar das aulas sobre Fotografia, mas certamente das conversas no bar mais próximo. Ou alguém se lembra das notas da escola?

Me permito bagunçar meu quarto, sem me preocupar, mesmo que isso provoque a ira de meus pais. Aliás, também me permito argumentar com eles quando necessário. Eles são seres humanos e também erram. Não quero mais pessoas descartáveis! Me permito também ME bagunçar. Tenho o direito de estar confuso também e vou me valer disto este ano. Me permito ir ou não com sua cara, e também não tenho obrigação de te agradar. Me permito ficar mais rouco. Tem certas emoções na vida que só se sentem uma vez na vida e é preciso espernear mesmo.

Me permito dever no banco, um mês ao ano, mas que o mês seguinte passe voando. Não quero fazer minha barba toda semana, nem usar roupa social. Afinal, sou reconhecido pelo meu trabalho ou pela minha aparência? Ano passado, senti saudade dos meus pais, então me permito passar uns 2 ou 3 dias só com eles, curtindo alguns poucos bons momentos em família. Permito-me brincar mais com meu cachorro e juro!, prometo me permitir ser menos emburrado. Vocês podem não acreditar, mais me permito confiar mais na política brazuca, “ só de sacanagem!” só para ir contra a corrente, não é possível que tudo seja tão ruim neste mundo , e ponto final. Não importa o que ninguém quiser argumentar, em um Brasil melhor, eu vou sempre acreditar.

Puxa, permito tanta coisa que e ao mesmo não quero pedir permissão para nada. Vou simplesmente ir lá e vou fazer. Mas por fim, permito-me ser feliz, ser impossível, ser um pouquinho mais. A vida é hoje, o tempo é o agora e a gente nunca sabe do amanhã. O gesto que eu deixei para ontem, já não me cabe mais hoje. Portanto, permito-me ser e estar pra sempre neste 2008.
Permitam-se.


Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Imaginem um lugar...

Imaginem um lugar com restrição de entrada. Imaginem um lugar onde sejamos somente coadjuvantes de um contexto que não para de se atualizar cada dia mais e mais rapidamente. Neste lugar, não existe ganância, nem segundas ( terceiras e por aí vai..) intenções, sem preconceitos, onde a regra essencial e primordial é ser você mesmo. Sem pudor, sem máscaras, sem limites, sem..pre!

Um lugar onde você deixaria de lado a opinião dos outros e se preocuparia tão somente com o seu bem estar. Ah, imaginem um lugar onde vocês não precisam colocar roupas que a sociedade exige que utilizemos, onde suas contas ficariam em segundo plano e o programa da vez seria o trabalho voluntário!Um lugar para poucos, para estranhos, para raros. Respiraríamos boas energias, e o bom humor teria sempre lugar no coração das pessoas. Um lugar de pessoas de livros nas mãos, de opiniões formadas, incomodadas com o que não faz sentido neste mundo ridículo e mesquinho de hoje, com suas idéias e ideais. As piores armas deste lugar de poucos, seriam nossas próprias palavras, assim como delas viriam as mais belas lindas canções e textos.E só.

Aqueles “enfeitados” de fingimento e meias-verdades não entrariam. Os sonhadores seriam os porteiros deste lugar e os verdadeiros artistas! Um lugar onde não existem melhores, nem piores, todos seríamos uma coisa só, num único lugar. Lá não importa o que você é ( ou finge ser), importa o que você traz de verdade por dentro de suas palavras, ações e sentimentos.
Mas pensar neste lugar também me causa uma ponta de tristeza. Tristeza de pensar que ele só existe dentro um texto num pedaço de papel. Que ele anda tão distante de nós...

Pensem: você é apto a entrar neste lugar “Só para loucos e Só para raros?”.
Façamos valer a pena nossa entrada!


Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Um Tanto Assim-Assado

Me olho e vejo usando novamente a camisa que você tanto gostava. Estou usando o perfume que te agrada e lustrei meus sapatos para que aquela habitual sujeira não lhe incomode. Continuo pensando no “seu achar”, mas ao mesmo tempo te quero longe de mim. Ontem, pela madrugada, lutei contra meu orgulho que insistia para que eu não mexesse em sentimentos antigos. Mas fui melhor ( ou pior ) que isso e mexi. Bagunçei mesmo.

Enfim, hoje é o dia te mostrar que mudei, quando na verdade ainda sou o mesmo. Continuo tentando lhe agradar, não só usando a mesma camisa, mas também me usando de sorrisos e planos que saem da minha boca simplesmente para te entreter. Hoje, sinto uma leve frustração de falar tanto no futuro e continuar “brincando” com o que já não faz parte do meu dia-a-dia. Estou mal por ver que estou parado e você cada vez mais distante e mais no futuro.

Cá, estou novamente, vivendo o que já não tem sentido, cá estou eu vivendo o meu passado.
Mas, não há de ser nada, eu sei que o futuro está me acenando lá na frente. É só eu que não quero lhe responder. Por enquanto.


Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Veio com a chuva

Sinto saudade da voz do grafite arranhando o papel. Nesses dias frios em que a chuva faz visita, vem junto a vontade de escrever. Mas receio ter perdido a prática. Eu estou mudando e o que eu escrevo já não me satisfaz e sempre que me volto para a ficção ela acaba ficando grande demais. Tenho visto tantas coisas. Esses dias mesmo dei de cara com um monstro, e já vai fazer um mês que eu durmo ao lado de dois sentimentos diferentes. Se ao menos eles pertencessem a mesma pessoa. Não tenho coragem de escolher, talvez eu nem precise, e talvez eu nem queira. A questão é que tem vezes que um abafa o outro.

Milena Lieto Samczuk

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Mas a Esperança persiste em dormir do meu lado...

Olho para inúmeras janelas e vejo olhos cintilantes, alguns quase piscando no ritmo de seus pensamentos. São olhos com um certo vazio, sem expressão, como se quisessem, que este dia acabasse logo para que, sem demora, pudessem viver o outro dia, esperando por surpresas que eles mesmo tem absoluta certeza que não vão acontecer. Eles buscam sonhos que não vão se realizar, pelas mesmas ruas e calçadas que passam todos os dias, nos mesmos horários e com a “farda” de serem adultos. Estão no caminho errado, isso é fato.

Que grande bobagem!Tenho absoluta certeza que de que se perguntar a eles: “Ei, porque não joga tudo pro alto e vai buscar o que te faz feliz?”, eles me responderão numa mentira quase ilusória, mas certamente covarde: “Sou feliz assim.”. Mas não são. Eu vejo, vejo sim, vejo cantos serem entoados em baixo volume, vejo versos narrados e contidos com pudor, vejo conversas que nunca serão travadas.

Mais um dia chato. Saímos com a certeza da certeza de que não teremos incertezas. Complexo não? Este é o ser humano, com seus olhos cintilantes alguns quase piscando no ritmo de seus pensamentos. Se todos, por favor me incluam neste meio, vivêssemos nossos sonhos, o mundo seria uma somatória de grande sonhos-realidade. Mas a realidade é oposta.

Fui obrigado por uma mão inquieta, sedenta por um texto que pudesse mostrar que ainda dá tempo para mudar, apesar deste cotidiano “vazio no olhar”. Tenho esperança. Ah, essa maldita que persiste em dormir ao meu lado...

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Pai...

Pai, neste dia 25 de Janeiro, data de seu aniversário, quem está comemorando sou eu. Faz quase duas décadas que tu me ensinas a arte de viver, mas confesso que algumas lições, eu ainda não aprendi. Até hoje, dia que completas 48 anos, tu foste perfeito, excedendo a figura de um mero pai. Você é meu amigo, companheiro, confidente. Meu herói e o vilão, quando é necessário.
Venho a público dizer que, apesar de algumas reclamações, não troco nenhum dos nossos poucos domingos passados juntos, de tarde, vendo o futebol-nosso-de-cada-dia, nosso chimarrão e as bolachas de chocolate. Não quero, tampouco, o fim de nossas conversas sinceras, sermões, nem de nossas brigas. Elas me fizeram chorar, sorrir, questionar, melhorar. Mas enfim, me formaram como sou. Mas do que isso, você me ensinou o que é preciso para ser um homem de verdade. E também foi homem para me obrigar a nunca me contentar com a mesmice, mas também foi menino para me pedir ajuda ( “Filho, só somos eu eu você agora, me ajuda..” ), quando meu avô nos deixou.

Herdei de você este medo de chorar na frente dos outros, o não “Saber perder” e um humor sarcástico ( além da miopia e da barba tão falhada ). Mas o que realmente levo comigo é o ensinamento que estamos nessa vida de passagem e que eu tenho poucas chances, como essa, de dizer sinceramente que te amo. Que eu sei que você não ficará aí para sempre, mas que em essência você continuará comigo.
Parabéns, que possamos abrir esta garrafa de Champagne, mais inúmeras vezes.

Te quiero viejo, con todo amor,

Guilherme Vilaggio Del Russo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A gente é do tamanho dos nossos sonhos.

Sou daqueles que não precisam fechar muito os olhos, para voar alto, ir longe e sonhar grande. Classificamos nossos próprios sonhos como impossíveis quando na verdade, se aprendermos a olha para eles, veremos que elas estão ao alcance das nossas mãos. E eles sempre estiveram por lá, nós que tratamos de afastá-los da nossa vista.

Sonhar é se aproximar de um futuro que parece distante, é forma de não cometer erros futuros, é estar mais perto de Deus e saber ouvi-lo, é abrir a porta do querer e poder, é traçar caminhos e alcançar objetivos.Já imaginou se usássemos todo o tempo que costumamos nos queixar para chegar um pouco mais perto deles? Sonhar também tem seu preço. Consigo ver nos olhos de alguns uma mágoa, eternas decepções de não terem chego lá, de terem se perdido no meio do caminho. Acostumaram-se com um sorriso discreto, de canto da boca, com uma vida sem expectativa, vidinha-mais-ou-menos. E depois, estas mesmas pessoas vêm dizer, mentirosas, que não tiveram tempo, que não tiveram chances, ou que não puderam. Não, não me digam que não podem!

Faço do meu sonhar o meu café da manhã, indispensável, de todos os dias. Sou egoísta a ponto de me dar 5 minutos diários para ser quem eu quiser, de me permitir sorrisos sinceros, de abrir o coração pra mundo, de não ter pudor de ir adiante. Faço do meu sonhar meu ganha pão, para que depois o meu ganha pão seja fruto do meu sonhar (de hoje). Este meu sonhar, é o jeito nada tímido de dizer ao mundo “Sou gente grande”, sem perder o espírito e o brilho nos olhos de um menino. Sonhos... quem não os têm não sabe o que real significado de viver. Ah, e não me digam que não podem. Por favor, não mintam para si mesmos.

Você é do tamanho do seu sonho.


Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Eu sou feita de vontades

Os meus dedos inquietos estão loucos para gritar, enquanto a minha voz falhada, de egoísta que é, resolveu ficar na garganta para não produzir som algum. Estou vazia sim, e não sobrou uma palavra sequer. Soltei tudo quando vi o meu maior problema resolvido, o nó mais fechado se afrouxar até se soltar por completo. Soltei com ele toda a minha fúria, toda a minha revolta. Agora não tenho pelo que lutar. Não tenho mais a necessidade de incendiar uma revolução em ninguém.
Abandonada aos meus próprios calcanhares eu entendi que o meu caminho nunca ultrapassou o ponto de partida. Sigo parada, com pés de estacas, cravados na terra.
Não sei o que vou pedir quando eu ver uma estrela solitária no céu. Justo eu que estou sempre querendo alguma coisa. E quando não houver mais nada para querer? Acho que deixo de existir. Eu sou feita de vontades. E você?

Milena Lieto Samczuk

"Eles só não se pertencem mais..."

Hoje, muito tempo depois, o verbo “poder” nunca lhe pareceu tão apropriado. Ah, ele poderia ter aproveitado-a mais. Podia ter ido mais ao cinema, ter discutido um pouco mais a relação, ter mandado mensagens (e não as ignorado), podia ter se preocupado menos com pai dela e ter pensado mais em como seriam os filhos. Resumindo, podia ter lhe dado a mão quando ela lhe perguntou, tímida “Ei, vem comigo?”.Ele era o retrato da mentira em pessoa e ela da simplicidade e do carinho. Ele era tão bagunçado aqueles tempos. Existe sim, uma certa frustração de ter perdido alguém que até hoje faz a diferença no dia-a-dia. Mas ele continua fingindo aquele sorriso no canto da boca.

Ele até poderia perguntar: “ O outro te faz sorrir?”, mas ouviria dela, de modo seco e sincero: “O outro não me faz chorar”, e ela teria toda a razão. Ele a abandonou e hoje ele é o retrato do abandono. O Abandono dos sentimentos, das lembranças boas e ruins, do prazer caso estivessem juntos. Ele continua a se desculpar, mas isso já não tem mais sentido.

É claro que eles vão se ver, é claro que eles não se esqueceram e algumas músicas continuarão tendo o mesmo sentido de antes. Mas do que importa esse passado se o que vale é viver intensamente o hoje? “Eles ainda pensam um no outro, apenas não se pertencem mais.”Sempre vai existir amor, ele só não será usado.

Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Dejavú

Aqui estou novamente, com as minhas já velhas calças, minha barba por fazer, um chiclete já sem gosto e um coração latino que me pede um novo amor. Mais uma vez me encontro buscando o sentido do querer acordar pelas manhãs e isso, de uma vez por todas tem de parar. Quero trocar o verbo procurar, pelo encontrar, que me soa muito melhor. Juro que não peço muito para ser feliz! A minha felicidade é barata! E se eu colocar uma placa “Procura-se alguém para me acompanhar” ? Seria mais fácil? Não, não. Quero com minha próprias pernas achá-la. E hoje, minhas calças velhas, minha barba por fazer e meu chiclete ( já sem gosto ), estão comigo para mais uma tentativa. Já não é a primeira vez, e no fundo, bem escondido entre abismo que é o pensar e agir, acho que não será a última.


Mas vou buscando, eu não posso parar. Nossos maiores erros são aqueles cometidos justamente pelo medo de errar. Desse mal eu não sofro.
É, quem sabe não seja você a minha nova foto no mural.

Adendo ao texto, algumas horas depois:
É triste conquistar aquilo que temos certeza que nunca será nosso.
Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Foi um puta prazer ouvir a voz doce do Gui ao telefone, me convidando pra dividir um espaço com ele, onde eu pudesse fazer uma das coisas que eu mais gosto. É bom escrever quando nada tem me assustado mais. Sabe, estou cansada e até o pescoço de sono, simplesmente porque ficar acordada tem me deixado mais feliz. Me sinto melhor do que antes, vivendo do jeito certo uma mesma situação do passado. Já é a segunda vez em dezessete anos que eu esqueci de como é se sentir vazia, que o calor já não encomoda tanto, as provocações não irritam, as coisas não me confundem mais, e todo o resto perdeu a tensão.
Leve e à vontade como as nuvens que tomam a forma daquele rosto. Eu vou me jogar ao vento, ao acaso do momento.

Milena Lieto Samczuk

"Não há novas mensagens..."

E qual a nossa tristeza quando vemos simplesmente que em nossas vidas, não “Há novas mensagens”. Que ainda buscamos nas últimas ligações, números que já não condizem com a realidade, que já não fazem sentido algum. Ah, que atire a primeira pedra quem nunca buscou no celular uma chamada perdida! Uma esperança te invade, você se prepara para que o desconhecido lembre-se de você. Simplesmente, “não há novas mensagens”.

“Você tem <>, um recado novo”, e o recado é meu. Com o passar do tempo você aprende que quanto mais ligações fazemos, mais difíceis de que elas nos retornem. Quem procura, não acha, mas quem deseja, realiza. Cliquemos menos no chamar e mais no tão somente atender. Apague as últimas ligações, inclua novos números, talvez seja a hora de estarmos menos “ocupados” em achar a pessoa certa. A gente aprende que, ser feliz, é receber apenas uma, ( não duas, nem três, quem dirá 7 mensagens!), mas apenas uma que sempre fará a diferença.


Deixe seu telefone para lá.

Quando você menos esperar, ele vai tocar...
Saber esperar é virtude de poucos!

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Passado mais que perfeito.

Como é bom saber, olhar para trás e ver que o nosso passado está muito bem construído. Que é ótimo descobrir no nosso presente, alguém que no passado já fez a diferença, ainda hoje, faz. E que o futuro parece tão bem conjugado.A minha “maninha” fala de um futuro e eu resposta com aquele passado mais que perfeito. Feito de risadas, e uma certa pitada de romantismo.É bom sentir que você não está só no mundo. Que as idéias e textos que surgem borbulhantes e que insistem em continuar me aborrecendo nas noites, não são tão somente meus. É sentir que o presente repete o passado, e avista para o futuro. Logo, ele “avistará”.Chegamos a conclusão que mudanças acontecem sim, tanto as boas, quanto as ruins. Só que a nossa essência não deve ( não devia, não deverá) ser perdida. Em qualquer tempo verbal. Só assim poder-se-emos ser melhores, talvez até mais que perfeitos. Mas, assim mesmo como o “poder” não existe na conjugação mais que perfeita, assim somos nós. No máximo, seremos um passado perfeito, e um futuro brilhante. Buscando sempre recordar dos aprendizados do passado, que precisam ser aplicados no presente, e serem colhidos no futuro. E no meio dessa explicação esfarrapada dê sentimentos e emoções entre os tempos verbais, cheguei a conclusão que devo parar com o “Eu”, ou no “Ela”, ou no “Ele” e focar no “Nós”. Nós como seres humanos, “vos” com suas parte, para que “eles” ( 80% das pessoas) aprendam a ser melhores, como "nós" ( os outros 20%), aprendemos a cada dia.Digo e repito em qualquer tempo verbal para vocês: viver a vida mais leve é ver poesia em cada ação, em cada objeto, cada telefonema, cada um de nós. A gente aprende que estamos errados sim, quando pensamos ser uma ilha, e que estamos certos sim, quando queremos pôr um ponto final em tudo aquilo que fizemos e deixamos para trás no passado. Talvez eu quisesse mudar alguns sinais de pontuação em capítulos da minha vida: trocar a interrogação por um ponto final, colocar dois ponto quando eu estava em uma exclamação terminar uma história com reticências... Mas é assim mesmo.Hoje entendo, como minha “Maninha Postiça” (Mikas) diz, que o tempo me tirou o que eu tinha ( naquele momento) de melhor, e me deixou com a saudade. Mas ao mesmo tempo, me trouxe a oportunidade única de ver as coisas com outros olhos e entender que este mesmo passado contrói ( sim, no presente), o meu futuro. Só assim seremos bem mais que perfeitos.
Sinto noltalgia daquilo que ainda virá...


Guilherme Vilaggio Del Russo.