segunda-feira, 28 de julho de 2008

Preço sugerido, povo à La Carte.

Atrás da vitrine, a falsa beleza exposta;
Atrás da etiqueta, que mais parece é a mais nova aposta.
da moda e das coisas mal feitas,do consumo do pobre,
da imagem e ilusão,que é comprar instintivamente.

E etiqueta é preço,
E esse preço eu não sou obrigado a pagar pra ser
Meu valor é inestimável,
Personalidade eu não vejo em prateleira pra vender

E se a personalidade não vale
nem se pode medir
o quanto devem as pessoas
que as vitrines tendem a seguir?

As tendências são as mesmas, a vitrine idem
mas os preços já aumentaram,
E eu ainda sou esboço do que sobrou de mim.
E pra mim valor não acharão!

Acabou a brincadeira. É liquidação que chega!
Organizem as filas, e taxas e números grandes no vidro,
hoje é dia de comprar e se vender.
E você, modelo? Até onde vai sua exposição?
Tenha medo amigo, pois os modelos que vejo me parecem mais mortos e sem opinião
que os próprios manequins.

Eles querem mais um no rebanho
mais um corpo pra a etiqueta usar
Do modelo de consumidor desejado eu fugi
Só procuro algo para me vestir, algo pra ser e estar,
E eu já dei desconto demais a tudo isso.

Pedra na vitrine!
renuncio os cartões C&A e descontos e promoções de primavera.
E estampas. Ah, estampas não duram nada!
E eu sou pra sempre.
Eu sou de um valor que não preço pra se adquirir.

Guilherme Vilaggio e Giuliano Bonesso (contaram na madrugada.)

Um Mundo de Photoshop

Que vida mais estranha, mais CTRL + C, CTRL + V. Toda semana é uma grande mesmice de frases, capítulos, novas tendências que tendem ser sempre as mesmas. Os locais para onde me convidam para estar não mudam de nome, nem as pessoas. Não nos damos a oportunidade de ver pela primeira vez e achamos que estamos aproveitando a vida ao máximo.

Que atire a primeira pedra que nunca disse "Eu faço meu estilo".E quem faz teu estilo é a TV. Nessa Terra-do-Nunca-Se-Aprende, não existem mais ídolos. Apenas aqueles que a TV insiste em me vender. Mas eu sou teimoso, e, como bom consumidor que sou, eu levo pra casa o que é de qualidade. Passou-se o tempo em que o rótulo me agradava. Vamos peneirar o que se ouve, o que se vê. Espero ancioso o fim dessa fase da "fama-de-15-minutos" que deixa as pessoas escravas de uma sociedade que cada vez mais valoriza a equação sem resultado positivo, Linda + burra² = perfeição total e lucros³.

Hoje, sobra computador com Photoshop. Porém, falta fotos de momentos realmente memoráveis, para que o programa seja utilizado. Perdemos o "olho-no-olho" e ganhamos esse sentimento de ser quem a gente quer. Desde que seja atrás do computador. Não, eu não quero aprender a dar mais brilho nas fotos, não quero cortar, recortar, não quero dar contraste (eu quero SER o contraste) e clarear o que parece tão escuro pra mim: Como podemos deixar de viver assim dessa forma? Eu não quero deixar meu porta-retratos vazio.

Mundo de aparências.E que parece que não vai ter fim.


Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Brincando de ilha

Perco o contato com pessoas pela preguiça que tenho de relações estreitas. Muita intimidade me sufoca, já que tenho o costume de não ser tudo aquilo que sou por pouco tempo. Não consigo ser agradável a todo o momento, mas também não sei ser diferente. Então - por mania - corro para qualquer lugar distante, aonde desapareçam os contatos. Até a subjetividade tem me cansado ultimamente. Olha que ser direta não significa ser óbvia!
Eu gosto do que é único. Do que surpreende por ser inusitado. Quero me apaixonar por rostos porque nunca mais os verei, e sentir saudade dos dias porque nunca mais voltaram. Quero fugir da rotina, do comum, do habitual, do que bóia na superfície dos outros. E tenho medo das correntes que trancam círculos sociais, porque me fiz livre.Sou assim, apenas de quem quero ser.

Milena Lieto Samczuk

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Primeira Intenção

Impressionante como as pessoas abusam de atitudes com segundas intenções. Se existe um defeito generalizado em todos nós é buscar retribuição e comportamentos parecidos. É o que chamamos de segundas intenções. E se é segunda, é porque existe coisa melhor, certo? O que realmente vale ouro é quando fazermos algo querendo tão somente o bem estar do próximo ou da sociedade.

Aquele papel de bala que você fez questão de jogar no lixo, aquela frase que há tempos você ensaiava pra dizer pra certa pessoa, o assento que você, meio sem jeito, cedeu ao idoso, a bola de futebol que caiu no seu quintal e você, pela primeira vez, não furou e devolveu para aos meninos, o elogio que você retribuiu e que desta vez foi de coração. Apreciar de peito aberto essas coisas simples e saber que as mesmas fazem a diferença. Essa com certeza é minha primeira intenção a escrever este texto.

Se vamos perpetuar algo para os nossos filhos, que seja a sinceridade. De opinião, com todos, para tudo. Essa é a maior qualidade de qualquer pessoa. É daí que podemos separar quem é de verdade, quem é "segundo plano". Não sejamos o que nós vemos na tv! Estou farto de intenções que não são de "primeira qualidade". E infelizmente, no Brasil, a maioria é assim. Mas graças a Deus, um dia me disseram que "a maioria é burra", e estavam certos.

Amanhã, opte por mudar sua atitude e faça algo sincero de coração. Pegue o panfleto da rua não por obrigação, mas porque está interessado em ajudar no trabalho do próximo. Suba os degraus, facilite o trânsito de pessoas que precisam da escada rolante. Diga mais que um "oi" mecânico ao faxineiro do seu trabalho, as vezes a gente nem sabe o quanto uma palavra nossa pode significar para alguém. Você é aquilo que ninguém vê.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Você, sempre.

E não mais do que de repente bateu uma saudade imensa de te ligar. Não deu outra, peguei o telefone no mesmo instante. Nessa vida a única coisa que a gente não pode é passar vontade de fazer acontecer. Inventei uma desculpa esfarrapada quando na verdade queria só te ouvir. E já naquele seu alô meio diferente, meio indiferente pra mim, senti que algo tinha mudado. Pra pior.

Você já não deu atenção pra minhas histórias mirabolantes. Não falou da sua saudade, não falou que queria me ver, muito menos cantou um pedacinho da música que fazia a balada da nossa história. Me falou de amigos seus que nunca vi, de coisas que estranhei você fazer, de um jeito que nunca tinha me machucado como aconteceu ontem. Eu sei que preciso parar com essa mania ridícula de querer ouvir das pessoas o que eu quero ouvir.

A mania de achar que o mundo gira ao meu redor, eu já larguei, e você que me ensinou. Sei lá, talvez tenha te ligado pra te agradecer, pra pedir pra você ir lá em casa e dizer que sinto sim, saudades.Não foi bem o que aconteceu.

Sei que a vida não é como a gente sempre sonha. Mas, por favor, não mude porque a sociedade lhe pede isso. Futilidade não combina com você, nem o seu “alô indiferente”.Era tão bom te ver dizendo que queria mudar o mundo, que até me dava esperança. A mesma esperança que terminou ontem quando desliguei o telefone e percebi você tão longe. Longe de mim, longe de tudo, longe do que você mesma já foi um dia.

Não mude. A vida lhe pede uma outra pessoa? Dê a ela uma. Personagem. E seja
você, sempre.

Guilherme Vilaggio Del Russo.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Cansei de ficar vendo vitrines...

Cansei de ficar vendo vitrines. Elas não entendem o que eu quero, muito menos o que eu sinto. Elas me separam daquilo que desejo. Pra ontem. Elas me mostram preços que não posso pagar e produtos que preciso ter. Eu mereço muito mais do que simplesmente pagar as contas do final do mês e se preocupar com o cheque especial.

Cansei de ficar vendo vitrines. Porque se eu olhar atentamente, vejo o reflexo de mim e o reflexo do que não posso ter. E então, perco tempo imaginando o que não posso ser com aquilo que está do outro lado dela. Minha vontade é entrar e poder escolher o que quiser. “Por favor, embrulha pra presente!”. Pra mim mesmo. Se dinheiro não traz felicidade, ele me faz satisfação e orgulho.

Cansei de ficar vendo vitrines. Eles são geladas e meu vício é doce. É doce porque vicia, porque quanto mais eu vejo por trás delas, mais eu quero para mim. Me deixem ser humano! Egoísta, materialista, impaciente. Não quero pensar muito, porque se pensar, não compro, e hoje, eu quero ser irracional. Quero fingir ser mais feliz com aquilo que tenho e não com aquilo que sou.

Sonhar não custa caro. E no momento, eu só posso ter o que sai barato. Por enquanto. Cansei de ficar vendo vitrines...


Guilherme Vilaggio Del Russo