sábado, 8 de outubro de 2011

quando ela está por perto.

lá vem ela de novo,
me pergunta se pode repetir
com seu jeito deselegante de andar,
um pouco anos 50. Não se importa.
ela faz questão de mostrar seu novo vestido
e me faz mais feliz por perguntar como foi meu dia
sorriso sincero,
não dá pra não retribuir quando ela diz estar com saudades
e pra aparecer mais, pra lembrarmos do nosso passado
de um tempo que caminhávamos de mãos dadas.
continua amando as músicas de ontem
e sua vitrola de casa não é vintage, ela jura.
a gente se divertia com tão pouco, lembra?
bastava uma meia dúzia de palavras cruzadas
ou uma viagem juntos
pra deixar claro que amor como esse
distância alguma poderia quebrar.

e sem graça, no final do jantar
me puxa de canto e me pergunta, de novo
sutil, como sempre foi pela vida inteira
- Posso repetir?
- Pode, vó, claro. Só hoje, sem abusar.

Guilherme Vilaggio Del Russo

ps: para Clarice Aparecida Dias Vilaggio, que com o cabo da vassoura me ensinou que a vida é mais do que escrever em um blog e menos difícil do que a gente imagina.