sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A vida como ela é.

Era uma dessas noites meio mais ou um pouco mais que ele descobriu que a sorte ainda lhe soprava alguns conselhos. Disse-lhe em voz baixa que talento era só metade de uma vida plena. Que o resto era puro coração e uma história bem contada. Haveria de agradecer a Deus tão somente pela seqüência de dias e por ter criado a segunda chance, tendo em vista que errar será sempre eminente. Ele entendeu, inventou sua própria bíblia numa caixa de emails e sentenciou ao mundo em alto e bom tom: por ora prefiro pequenas conquistas constantes.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 13 de novembro de 2010

Côncavo e Convexo.

Dia cinza e eu estava esperando um desses pra falar com você. Mas não começe de novo com esse papo de matar o tempo de rezar para dar tempo de comer. Mau hábito este o seu de confundir prioridades e se afogar na razão. Deve ser chato saber o que vai acontecer nas próximas 2 horas. "Minha vida é minha agenda de compromissos." Ah, não seja arrogante! Até outro dia o único compromisso que você tinha era consigo mesmo.

Tá, tá, eu já entendi. Certas falas tuas eu já decorei e você me diz que é porque é preciso sobreviver. Aí está o problema. É preciso tão somente, viver. Parece que você anda esquecendo certas promessas que fez a mim. E deixando alguns discos de lado. Quantas oportunidades você desperdiçou porque considerou traumas do passado. Viu, que tolice? Mas eu ainda acredito em você. Seu sorriso está guardado na minha carteira pra me lembrar sempre. Há de se continuar trabalhando mas sonhando também, combinados?

Preciso dar uma passada de flanela neste espelho.

Gulherme Vilaggio Del Russo

domingo, 24 de outubro de 2010

Pra nós, da juventude.

Como usamos mal nossos vinte e poucos anos. Não posso acreditar que esse sangue inquieto possa trazer tão poucas atitudes interessantes para a sociedade. Não se "fez" uma juventude como antes. Continuamos com a vontade vã de reclamar, mas desta vez esquecemos a razão para tal. Vivemos uma época de levante da bandeira independente, sem esquecer da mesada dos pais. Precisamos mostrar muito mais do que palavras de efeito e viagens de intercâmbio.

Penso que devemos sim rasgar os filtros pré-definidos pelos outros desde que haja consciência e aceitação dos termos de responsabilidade sobre o instante posterior. Deixar de ser mimado nas palavras é uma vitória. Nas ações então, nem se fala. Mas, olha lá, mais um discurso engessado de um de nós que briga pela rebeldia sem causa, sem uma causa para se rebelar.

A juventude deveria ser tratada como época de aprendizado e não como oportunidade para transgredir os parâmetros do bom senso e da educação. Viva além.

Guilherme Vilaggio Del Russo

domingo, 3 de outubro de 2010

Eu, meu Celta e a inspeção veicular.

Neste último sábado, levei meu carro para a inspeção veicular obrigatória, após ter pago chorados 70 reais por uma consulta que seria de, no máximo, 10 minutos e aguardar por quase um mês um horário em que pudesse levar meu Celta 1.0, preto, básico, carinhosamente apelidado de "Lotus".

Todo mundo sabe o amor que sinto por esse carro. Ele é como um filho e como tal, gera inúmeras despesas, todas pagas com as 12 horas-diárias-de-trabalho-nosso-de-cada-dia. Seria o dia de levá-lo ao médico. Paciente, aguardei pelos 10 minutos da vistoria rígida, quando o rapaz comenta:

- É infelizmente, seu carro está reprovado no teste.
- Como assim?Acabei de trocar óleo, comprei 2 pneus, a bateria está novinha, com menos de 2 semanas, posso garantir que...
- É só uma borrachinha que precisa trocar. Ela não tem tanta importância, mas com ela gasta como está, precisa ser trocada. Optei por reprovar. Aguardo seu retorno.

Entendo. Entendo pagar os maiores impostos do mundo. Entendo andar por estradas de merda. Entendo pagar um preço absurdo por um combustível de má qualidade e pagar pedágios que, pelo preço que cobram, só podem me separar do céu. Mas não posso entender meu Celtinha 1.0, preto, básico, carinhosamente apelidado de "Lotus", ser reprovado no teste.

Voltei para casa um tanto desolado. As notas D nas provas de matemática não doíam tanto. O máximo que engatei na volta foi uma terceira que me apertava a alma. Eu precisava ir devagar pra pensar em uma justificativa plausível para entender a tal reprovação. Como não encontrei, fiz melhor: como vivemos neste país de liberdade de expressão (por favor, não me façam tirar este post), resolvi inverter a ordem das coisas: eu vou avaliar o que o governo fez por mim e pelo meu Celtinha 1.0, preto, básico, carinhosamente apelidado de "Lotus".

Voltando pela Faria Lima, não pude deixar de observar e pegar um trânsito de 30 minutos para percorrer 3 kilômetros. Não vi nenhum acidente grave e muito menos algum policial ou CET nos ajudando para chegarmos com segurança. Então, optei por reprovar a Faria Lima e o trânsito no estado mais rico da união. É coisa boba, mas, enfim, vamos reprovar.

Ao passar pelo posto Shell, não pude deixar de observar o custo elevado para colocar alguns litros de álcool. Olhei para a minha carteira que me olhou de volta quase suplicando "não me abra", mas tive que deixar 20 reais para continuar viagem. Então, optei por reprovar o preço abusivo do álcool em um dos países que mais tem plantação de cana no mundo.

Passei pelo rio Pinheiros e não pude deixar de observar e sentir o cheiro podre de esgoto não tratado sendo despejado no mesmo. Senti inveja dos judeus presos nas câmeras de gás na segunda guerra mundial. Ficar preso no trânsito sentindo aquele odor era para poucos. Mas não para mim. Então, optei por reprovar a qualidade do rio Pinheiros, sua sujeira e seu esgoto não tratado num estado que se orgulha de ter 70% do seu esgoto tratado. Eu devo ser muito azarado, pois só convivo com os outros 30%.

Quase chegando em casa, fui acometido por uma cena forte. No carro da frente, dois rapazes em uma moto, mostravam a arma para a mulher e levavam sua bolsa e seu rádio, frutos de 12 horas-diárias-de-trabalho-nosso-de-cada-dia. Por incrível que pareça, assim que passei por ela, observei sua expressão calma, tranquila e serena, como se aquilo fosse uma coisa banal. Por mim, pelo meu Celta 1.0, preto, básico carinhosamente apelidado de "Lotus" e pela mulher, optei por reprovar a segurança do estado de São Paulo, lugar onde morre-se mais pessoas em um ano do que em toda a guerra no Iraque.

Na rua de trás da minha casa, de nome Alencar Araripe, não pude deixar de observar os oitocentos e setenta nove buracos pelos quais tive que atravessar. De todos os tamanhos, tipos e cada qual com sua funcionalidade: quebrar meu escapamento, desalinhar meu carro ou furar meu pneu. Então optei por reprovar as ruas e avenidas do nosso país e toda a operação de tapa buracos. Não quero que tampem os buracos, quero novas ruas e asfalto de qualidade, com mais de 6 meses de garantia.

Como estou melhor depois de exercer meu direito de cidadão e dividir a responsabilidade por um país melhor!É o "livre arbítrio" de querer um carro (e um país) melhor. Ação e reação, como tudo na vida.

Governo, fique tranquilo que retornarei para trazer meu Celta 1.0, preto, básico carinhosamente apelidado de "Lotus" para a revisão. Ah, mas também "aguardo o seu retorno".

Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Olá, 22 anos.

A boa vontade velada com o cego, a nova pintura de casa e esse violão preto me fazem acreditar um pouco mais no mundo. Eles são o aspecto imperceptível de uma alegria minha que teima em se esconder ás vezes. Estar de bem com o espírito e com o mundo não é nada mal. Um mundo que pesa demais. Que almeja de menos. Mas, é sempre bom ir contra a corrente.

Espero passar mais tempo com meu pai. Ou pelo menos dizer que vou passar e poder bebericar umas a mais. E não precisar arcar com as consequências, contas e causalidades. Algumas coisas eu deixei para trás, outras eu deixei passar mesmo. Você fica mais velho e a primeira coisa que a vida te dá são só escolhas. Nada muito concreto, com exceção das chaves deste Celta 1.0. Sempre foi sofrido e agora não há de ser diferente. Mais uma primavera para ver e passear no Ibirapuera.

Não há limite de altura mesmo a aqueles que optam pelo raso pé no chão. Viu como dá pra crescer e sonhar alto? Você determina seu sonho não pela intensidade a qual o sonha, mas pela qual você o vive. E isso é o que faço de melhor. Olá, 22 anos.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Ímpar (A dor do Mário).

Não há dor que doa mais
do que a dor de ser ímpar
de não se ter destinatário
e coração que não se limpa

Não há dor que doa mais
do que a dor de ser ímpar
de ter que rir de si mesmo
porque a vida não se anima

da rua calada que me mima,
vestígios de uma noite longa
que eu ainda vou lembrar

porque, não me acostumo a aceitar:
Não há dor que doa mais
do que a dor de ser ímpar


Guilherme Vilaggio Del Russo
texto para Mário Benedetti, autor de "Triste o Buena".

sábado, 12 de junho de 2010

Era você, de Aracaju.

Lembre-se deste dia como a simples continuidade de vidas que se encontraram e que hoje buscam um denominador comum. De um casal que de tão diferente entre si, torna-se único. Assim como os momentos no seu sofá-cama. A toalha deixada propositalmente na sua cama é pra fugir da rotina e te ver, pelo menos por um dia, brava. Você é a personalização do carisma. Carisma esse que é contra peso do meu mal-humor.

Obrigado por me fazer engolir essa boa dose do meu orgulhor mais alguns copos de whisky em festas free. Não se deixe leva se outros falam que não entendem o seu sotaque. Você já fala a minha língua, o que é o bastante. Lembre-se deste dia como um momento que duas mãos se entrelaçaram e resolveram ir longe, muito longe, "sin perder la ternura jamás."

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Em um dia de frio.

Nesses dias de frio, estava voltando para casa em um taxi depois de um dia intenso de trabalho. O motorista ouvia uma dessas rádios impublicáveis. Essas rádios que tentam ser cobertor com uma série de palavras de conforto. Fico imaginando como que as pessoas ainda ouvem esse tipo de bobagem. Tudo se escuta, nada se absorve. E lá presenciei uma explicação entre a diferença de esperança e fé.

É como se existisse um abismo separando essas dois substantivos. É como comparar sonho e atitude. Palavras estas que se diferem nos tempos verbais da vida de qualquer ser humano. Quantos não se rezam para que uma não seja subjetiva demais e outra só existe justamente por ser isso. A fé é nada mais do que o apelo final. É o estágio seguinte para quem perdeu a esperança e seus objetos: em Deus, em si mesmo, nos outros.

Muitos tem esperança e poucos tem fé. Fé, mais do que palavras, é ver diferente. Sentir e saber distinguir o que é necessário passar nessa vida única. Não é torcer por dias melhores. É saber lidar com os mesmos. Esperança, antes de tudo, é um sentimento de angústia de insatisfeitos. E, não me entendam mal, isso não é ruim. Quem não se contenta, muda o mundo. É só diferente. Eles querem mudanças. E se forem drásticas, melhor ainda.

Mas não é assim com a fé. Fé não é algo momentâneo, se conquista depois de esperanças perdidas. Entende-se e ponto final. Como disse anteriormente, é um degrau acima da esperança. E por ser tão mágico, é capaz de milagres. Mas também pode-se tombar. Quantos não vemos perdidos em uma fé cega nessas "igrejas de quartinho". Na minha terra chamamos de desespero.

São duas formas de encarar o mundo. É preciso saber escolher o momento certo de viver cada um. Saber que cada um tem o preço, seu prazo e sua recompensa. Mas mais importante que isso, é preciso saber distingui-los.

Pelo menos, foi o que deu na rádio.

Guilherme Vilaggio Del Russo.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Máquina (Lotus)

O cheiro da gasolina me faz tão bem. Esse odor de vingança e de vitória se misturando, também. A ignição que, na verdade, não começa absolutamente nada. Só indica o fim. De um tempo sofrido, de um tempo de feridas que ainda não estavam curadas. Como é bom sentir o destino em suas mãos. O ir e deixar de ir que agora só pode ser culpado pelo cansaço. Sinto um alívio no peito. E nos pés. Deixo de carregar um peso nas costas proporcional aquele que eu era para terceiros.

Nunca fui de pedir favores. Mas se puder proporcionar aos outros, fico feliz. Vou retribuir cada tempo gasto em atravessar essas ruas nem sempre tão simpáticas. Essa sensação de "Eu Cheguei Lá!" é fantástica. Aliás, eu ainda vou saber se é. Eu chegava sempre andando.

Um sonho que se realiza e que se move, na velocidade do necessário. É bom sentir esse orgulho egoísta, capaz de atropelar quem nunca acreditou. Todo mundo sabe que não dá pra ficar parado nessa vida. E é agora que não irei mesmo.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 25 de março de 2010

Letícia.

É tarde da noite e a luz de apaga de mais um quarto incomum. Uma mistura de princípios e fechamentos. Fim do espetáculo da vida, da dor e angústia. E começo da saudade, exceção esta que de tão importante, não tem fim. Dois jovens olhos verdes que se perderam na imensidão da música forte chamada Luta. O cansaço de um hospital que resulta num sono de mentira. Eu sei. A ficha cai e o mundo não é "conto de fadas" como diz a música. E se for, o autor não somos nós. A gente começa a se perguntar pra Deus porque de tanta injustiça. A gente também sabe que ele não responde, mas nessa altura do campeonato, o que temos a perder?

Palavras que neste momento são só parte de um vocabulário. 3 parágrafos que eu gostaria de substituir com um abraço. Sei que nessas horas vem a pergunta: "E amanhã?".Esqueça. Chore o hoje e sorria com o ontem. Pegue a lista e termine. Não deixe mais isso incompleto. Perceba o quanto isso é especial e veja que tem nas mãos uma possibilidade que ninguém tem: a de continuar.

Que você tenha coragem o suficiente para saber que fez o que estava ao alcance de mãos sem luvas cirúrgicas. Caminhe sempre e traga ela onde nunca deixou de estar: no coração e na mente.
Que você tenha a fé que não tenho. Me disseram que Deus sabe o que faz e é mais cômodo pensar assim. E que você lute, como ela lutou. Mais: que você vença, como ela venceu. Pense em uma coisa: os bons se vão logo. Ficam aqueles que tem muito a aprender.

Ao amigo Renato Max,
Guilherme Vilaggio.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Eu e o Luciano Huck

Terceiro mês do ano se passa a uma mesmice tão 2009. Não estamos em guerra, não estamos em meio a uma epidemia, nem temos um grande evento para mudar o rumo da história. Seremos páginas em branco nos livros de décadas posteriores. Parece que nos acostumamos a ser índice e nunca mais destaques nos jornais. Custa-me dizer que aprendemos com a dor e somente em momentos de recessão econômica. Somos uma geração em que busca a felicidade em terceiros. Pessoas que, de tão generosas, esquecem de si mesmas. Isso me auto ajuda a me explicar.

Que me importa se ainda persiste a guerra entre afegãos e norte-americanos? Dane-se, eu quero mesmo é Calvin Klein assinado em minhas cuecas. Sou o que visto e para me sentir mais ousado, uso golas em V. Hoje, arriscar siginifica participar da loteria. Somos a merda de um cartão de apresentação de empresa. Quanto mais palavras na descrição do cargo, mais cansado você se sentirá e menos fará. Estamos em um momento dominado por presunçosos ou por workholics. Não encontramos um meio termo, nem tempo. Minto. Encontramos sim, e nos boicotamos gastando horas vendo televisão, lamentando a tragédia chilena e agradecendo a Deus por isso ter sido com eles. A Tv me ensina que eu só posso ser feliz se for escolhido pelo Luciano Huck para reformar a minha casa. Quero que você se exploda, Luciano. É fácil fazer com o dinheiro dos outros, a gente vê isso em Brasília. Old school demais, meu caro.

Meu extrato bancário é meu indicador de felicidade e minha poupança, a visão do futuro. Louvamos a cultura estrangeira (que nos pisa na mesma proporção real X euro). Somos bombardeados com publicidade inútil e corrosiva, criando necessidades absurdas. Cara, eu vejo tanto potencial perdido nas plantações de cana. Os falsos heróis estão na TV. Os de verdade, na linha vermelha. Todos os dias alimento meu roteiro de um filme de drama com o noticiário. Todos os dias eu acordo, jogo água na cara e me prometo deixar a marca no mundo, como um ferro em brasas. Eu nunca consigo. Eu preciso mudar. Eu e o mundo.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Sr. Excelentíssimo Grandíssimo Corrupto

Liberdade, segundo o dicionário da língua portuguesa: Faculdade de fazer ou de não fazer qualquer coisa, de escolher. Independência, conquistar a liberdade. Liberdade de opinião, de pensar, de exprimir cada um dos seus sentimentos, suas convicções.

Fazem 6 meses que apagamos essa palavra do dicionário brasileiro graças a uma ação judicial. Voltamos a ter a mentalidade da ditadura militar. 6 meses que jornais (Estadão, principalmente) e veículos de mídia são proibidos de criar, pensar ou veicular notícias referentes a uma tal "Operação boi-barrica". São problemas envolvendo a família do senhor Excelentíssimo Grandíssimo Corrupto, José Sarney, que indicam falsiodade ideológica, transições internacionais milionárias por debaixo dos panos, desvios de verba pública entre outras com típico tempero Brasuca. Um novo nome para um antigo problema, antes resolvido com mordaças, cacetetes e cordas penduradas. Hoje, vejam vocês, resolvidos pelo poder Jurídico. Deus do presente. Onipresente, Onipotente, Oniciente e Ordinário. Diz, o senhor Excelentíssimo Grandíssimo Corrupto, que a operação trata-se de problemas de família e de segredo de estado e por isso não deveria ser veiculada. E aí, eu lhe pergunto: Qual a função dos jornalistas senão justamente descobrir segredos que dizem respeito ao interesse público?

Trata-se nada mais do que Censura Prévia! Tão ridicúla quanto antiga. Não se analisa nada, simplesmente se impõe algo antes mesmo de existir. Algo como chegar em um cigano e lhe obrigar a prever um futuro bom. "Não se deve falar sobre isso. Ponto final." Mas de 30 sites, jornais e blogs que deveriam usar interrogações sendo obrigados a dar reticências. E nós, cidadãos de "Um País de Todos", obrigados a engolir o Excelentíssimo Grandíssimo Corrupto dizendo que nunca se intrometeu nas questões jornalísticas. Coincidência ou não, quando o pedido de retenção de reportagens envolvendo este tema chegou ao Jurídico , ele foi julgado por um juiz amigo de Sarney, que então criou esta ação... Ah! Seria melhor colocar uma placa escrito "Estúpidos" na nossa testa, senador! E o futuro é alarmante: se realmente essa ação for mantida por mais algum tempo, teremos a semente da censura germinando e somente uma "poda" de uma Emenda Constitucional poderá nos salvar. E, entre nós, para um país incapaz de organizar partidas de futebol civilizadas, imagine criar essa emenda...

E porque preciso de vocês: estou aqui somente defendendo a liberdade de expressão daqueles que pensam diferentemente de mim. Ou seja, você mesmo. Passou da hora de dizer que isso é Inconsitucional! Chegou o momento de usarmos os diplomas de jornallistas que não temos. Falar e reverberar. Vestir-se de megafones e alarmar a pessoa ao lado do risco que corremos. Não quero explicar aos meus filhos que Liberdade é meramente uma figura de linguagem.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

4 anos e eu.

A gente passa 4 anos para aprender que não precisava passar 4 anos. Vivemos as histórias que depois contaremos com nostalgia que juramos de pé junto, que não teríamos. Torcemos pela rapidez de um momento e tempos depois, reclamaremos o porque de não ser pra sempre.

Aprendemos o significado de Networking, mas melhor do que isso: encontraremos um outro sentido da palavra amizade. Descobrimos pessoas de um valor imenso e que durante a caminhada da vida serão os primeiros a oferecer a mão. Ou ficarem até mais tarde nas agências. Mas mais importante do que isso: descobriremos a nós mesmos. De quem gostamos, de quem não queremos contato, o que beber, como diferenciar a vaca leitera do produto estrela, as posições mais confortáveis para dormir no encosto da cadeira. Deixamos de lado o comodismo de algumas tardes curtindo o nosso sofá e as trocamos pelas horas intermináveis atrás do briefing ou slogan perfeito. Muitos entendem a faculdade como continuação do Ensino do Médio. Não sei vocês, mas pra mim foi o começo da vida.

Na publicidade, você acaba aprendendo o valor da transpiração. Da vontade de ser reconhecido. Aprende que nosso sucesso, não depende de provas ou do decorar de fórmulas. Que atire a primeira pedra aquele que souber de cor a fórmula de cálculo do GRP. Na nossa profissão, faz tempo que o talento perdeu para a dedicação.

Daqui alguns minutos estaremos recebendo diplomas de publicitários. Deveríamos receber mais alguns. Não somos somente publicitários. Somos bombeiros apagando fogo a cada instante, somos artistas e artesãos em busca do layout perfeito, escritores em busca da frase que encante, somos modelos tentando seduzir, somos advogados defendendo idéias. Enfim, somos entusiastas da vida. Queremos fazer tudo e estar com todos e abraçar o mundo, esquecendo que ele já começou a nos abraçar a 4 anos.

A todos aqui, devo dizer que os considero corajosos antes de tudo. Porque para ser publicitário é preciso estar ciente de que a principal professora chama-se prática. De que você vai dar a cara a bater, vai errar e depois vai fazer melhor. A publicidade é mais do que conceito criativo, reason why e uma análise SWOT bem feita. Esqueçam tudo o que foi lido nos livros (caso tenham lido algum). Só não esqueçam de que lidamos com pessoas. E que é para elas que trabalhamos. Queremos antes de tudo, melhorar e facilitar a vida das mesmas. Se soubermos nos posicionar como nosso próprio público, teremos encontrado o caminho do sucesso . E de alguns prêmios em Cannes, por que não...

Parafraseando Kotler e outras divindades publicitárias, costumo dizer que publicidade é realmente dividida em 4 Ps: Persistência, Paciência, Perseverança e Pizza. Só é publicitário quem se dá ao prazer de saber o que é uma noite em claro. E depois saber degustar o sabor de cada case, de cada vitória,. Ou vocês ainda tem dúvidas que iremos vencer?

Um dia a gente se reencontra. E seremos quem sempre sonhamos ser: diretores de arte, gerentes de negócios, redatores, marketeiros, enfim, seremos gente finalmente e poderemos reclamar do preço dos supermercados e analisar tendências. Já pararam para pensar que estaremos ilustrando ou invadindo a casa de cada brasileiro seja por meio de idéias, comerciais, revistas, TVs, sites? Deixaremos nosso legado em cada clique, cada transmissão, cada troca de canal. Faremos valer a pena cada centavo gasto em 4 anos.

Ouço dizer por aí que nós, publicitários somos aqueles que não souberam o que assinalar na hora de escolher o que prestar. Que somos loucos. E eu digo a quem quiser ouvir: Graças a deus, somos. Realmente, somos uns loucos. Mas a publicidade é para os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Criadores de problemas. Para aqueles que enxergam diferente. Para nós, que não nos importamos com regras e não temos respeito pela hierarquia.

O mundo pode nos citar, discordar de nós, glorificar-nos ou não. Mas a única coisa que não poderão fazer é nos ignorar. Porque nós mudamos as coisas. E quando alguns nos vêem como loucos, nós, os informamos: somos gênios.
Porque as pessoas loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo, são as que mudam.

Para encerrar nada do que algumas palavras de impacto, De um vencedor. Um cara chamado Aytron Senna.

“Seja quem você for, seja qualquer posição que você tenha na vida, do nível altíssimo ao mais baixo social, tenha sempre como meta, muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé, que um dia você chega lá, de alguma forma você chega lá.”

Eu encontro vocês lá.

Obrigado,

Guilherme Vilaggio Del Russo

ps: texto que usei como orador da melhor e da mais nostálgica turma de recém publicitários da Metodista.