sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ponto de Vista

O mundo é uma grande roda-gigante. Ora cá, estamos no topo, ora lá, tocamos o chão. É um pavor também gigante, mas aceitável. Ás vezes levo como se fosse uma grande brincadeira, daquelas de mau gosto. Daquelas que, quanto maior a altura, maior a queda e o credo. Mas não vou me lembrar se eu der um pulinho qualquer. Tenho afeição por essa dúvida (e dívida) eterna de amanhã. Não uso das melhores roupas, não falo no melhor tom. Sei que essa vida parece uma onomatopéia chata. Pego e a transformo em canção, apesar da conta corrente há tempos não estar bicolor. Antes estivesse azul como este céu que gira, que distancia e se aproxima dos meus olhos..

Ok, isso não tira o meu bom humor e o ar que enche os pulmões. Esse porre diário de esperança que tomo lado a lado ao pão com manteiga de ontem. Há tempos espero mudanças, há tempos uso o mesmo ônibus. Ah, como eu odeio ônibus. São 7 ao dia o que quer dizer que, todo dia eu morro uma semana! É, não dá pra se orgulhar muito, mas aguardo futuros, e não guardo rancores. Me sinto tão homem mas essa letra é tão de menino... Caligrafia é um detalhe, o importante é continuar escrevendo. E injetando essas doses homeopáticas de otimismo. Que faz tudo girar, não faz com que me preocupe com nada, que me deixam ainda menino.

Daqueles que acham que a rotina é parque de diversões, onde você varia entre o medo e o belo. Pois é, isso é a vitória de um par de all-star sujo num mundo moldado de sapatos de couro engraxados. A vista é tão linda daqui de cima que eu me esqueci de olhar para baixo.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Entre Churumelas e Trejeitos

Se é para fazer que seja bem feito. E parece que pra esse nosso tempo, tudo foi pensado algum tempo atrás, visando a perfeição. Das nossas conversas estúpidas, sinto falta pela manhã, do seu all-star branco, sinto falta pela tarde, do seu (do nosso!) Trejeito, falta pela noite. Não se trata de um último romance qualquer. A distância que nos separa é meramente ilustrativa, baseada em um par de kilômetros que pensam que podem nos afastar. É, pensam. A única coisa que me traz é lembrança de te ver_de perto e a vontade de te perturbar no seu encontro semanal com o repórter mais feio da TV.

Sua voz, ás vezes rouca e medonha, me disse que você estava de alma inteira para mim. E como eu já estava, entramos em sintonia. Aliás, alguma vez saímos? Pequena, que se agiganta na intenção de ser mulher. Acho que somos um pouco mais do que a bolacha de água, sal e gergelin que eu, erroneamente, nos comparei. Somos fruto da sinceridade, companheirismo, dos opostos que teimam em se completar. Frutos do palco que levamos como hobbie mas que traz marcas ( e pessoas) que jamais esquecemos. Bem vinda, você faz parte desta categoria! Para que você não se esquece nunca e como promessa, um texto seu. E para que você se lembre sempre, estou aqui, em meio a beijos e torcicolos.

Pra nós, o tudo, pros outros, o passado, pra saudade, um abraço, pro nosso caminho, o para sempre. Isso não é apenas o fim. É só o começo.

Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pra não dizer que não falei das flores

Me repreendi, quando novamente me peguei a escrever sobre a beleza imperceptível aos olhos da vida. Estupidamente, me vi com caneta e papel rabiscando sobre a senhora no vagão, anotando receitas e sonhando paixões de um passado. Algo, "bem passado", dizia ela. Ao lado dela, a criança suja e descalça me olhava com cara de "Porquê nao eu?". Sempre foi um problema meu, levar os olhos à essência pura e linda, para a realidade fantasiosa e obscura de certos momentos. Como olhar uma rosa e nao perceber seus espinhos (salve Vinícius!).

Me senti no dever, na obrigação e com certo atraso para falar da menina dos olhos de pedidos perdidos. Quando ela me fitou, me senti um inútil a repetir a mesmice entoada em canções de amor. Toda essa melação que um poeta escreve quando seu caderno está vazio. Uma menina que talvez gostasse deste texto, se soubesse ler. Acho que qualquer rascunho de escritor, deveria abrir mão das rimas ricas e falar desta realidade pobre que nos cerca. Não precisa pensar muito ou ir distante. Visite o metrô, o lugar mais democrático do mundo. E mais contrastante.

Mil perdões, eu não tinha um puto no bolso a te dar, menina. Resolvi te dar um texto. Sei que soa cômodo, mas entenda como um band-aid enquanto eu peço o Methiolate. Desculpe usá-la como tela inicial, mas voce é o retrato de um país que fala de tudo e todos, menos de si mesmo. Um retrato preto e banco. E sujo. Talvez, com essas palavras, eu encontre outros que possam suprir esses seus desejos. Tirar novas fotos, arquivar textos e lhe dar um par de sapatos.

Guilherme Vilaggio Del Russo