quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Pai nosso, que estás na esquina.

A décima-primeira peste. Algo que se espalha na velocidade da luz, com a intenção de levar-nos até a mesma. Em toda esquina, em cada ex-bar, uma fé que só muda de nome. As mentiras são as mesmas. Enriquecimento barato em cima da humildade da reza. Não importa se estás de joelhos, mas se estás disposto a abrir mão do seu sustento, daquilo que você reza para não perder em vão. Peço que, se alguém que olhe por nós esteja aí em cima, que peça para aqueles que acreditam tão piamente em ti, que acreditem ainda mais em si mesmos. Somos capazes de enfrentar sozinho o que vier. E de cuidar daquilo que, por sinal, ganhamos com suor. O peso nas costas é o mesmo que o dEle, só muda o objeto levado por ela.

Nunca fui de acreditar a primeira vista e não vai ser agora que, esses falsos pregadores de esperança, vestidos de terno vão me fazer desistir de mim e jogar na mão de Deus.Qual dos deuses? Aquele que converso todos os dias como amigo ou daquele inventado por discursos capitalistas que faz do Céu um open-bar de felicidade mediante pagamento? Uma mão que deveria oferecer ajuda, mas que só pede cheque calção para a redenção. Até quando vamos nos deixar enganar por gritos que chamam quem deveria estar perto? Até quando nos colocaremos em segundo plano e nos cegaremos para um fanatismo que não abre mares, mas sim sua conta bancária? A fé que deveria mover montanhas, movendo milhões. De dinheiro. Por Deus, de onde vem essa fé?

Guilherme Vilaggio Del Russo.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cadeira de praia, um Martini e duas pedras de gelo.

Movimento-me em cores vivas porque estou cansado do cinza matinal. Pauso e questiono minha inabalável fé, dividida em discursos engessados das igrejas e no meu pescoço. Esta fé que mais parece uma bexiga, tamanho que depende de quanto esforço faço para acreditar nela. Invento planos e decido com quem vou dividir essas mentiras. Escolho a mim, já que jurei sinceridade ao resto do mundo.

Lembro-me de todos meus amores e de nossas fotos tiradas juntos. Pena que eram polaroids que hoje são só papel branco, servindo como alicerce de textos como esse. Todas as noites ensaio falas de um texto chamado felicidade. Pena que eu ainda não decorei. O mundo não me ensinou muita coisa e, das que lembro, metade falava sobre amor. A outra metade, eu fiz questão de esquecer.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Daqui de cima

Estava perto, tão perto de descobrir o que eu queria ser.
Embarquei em um sonho e talvez eu não venha a descer.
Por detrás de sorrisos, castelos eu encontrei,
guarde com vocês estas fotos para que não precise esquecer.

Olha, estão vindo de lá! Não fique com medo de onde vou ficar...

Com sombra de princesa,
sei que deixo a tristeza.
Mas entenda, eu só queria brincar.
Ele fez um convite e não pude recusar.

Daqui de cima, vejo
o contraste entre respostas que só eu sei dar
e no caminho perto do céu
percebi que ali, era meu lugar.

A vida é engraçada
e as idades já não importam mais.
Quem diria hein, pai?!?!
Que um dia eu fosse te esperar...

Guilherme Vilaggio Del Russo
(em memória a Jackeline Ruas)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mal passado

Não vou fazer tanta questão de você, até porque você sempre foi dúvida. Olhe para frente pelo menos uma vez, e veja que o poste está vindo para separar as mãos. Faz algum tempo que estou tentando te resgatar mas você parece estar andando para trás, se afundando em um passado que mistura saudade e lágrimas. Um passado triste que você insiste em ver de novo.
Gosto o suficiente para te chamar algumas vezes. Mas não faça disso minha obrigação. Antes de tudo, éramos parceiros em uma caminhada que tinha tudo para destoar deste passado tão escuro. Do que adianta falar para quem simplesmente não quer ouvir?

Eu, peito aberto para o futuro, sorriso largo para esse presente. Vacinado contra expectativas, contra amores utópicos, obviamente, não por falta de tentativas. A paixão é o retrato do nosso fracasso. Um leite-moça, delicioso no começo, mas que enjoa. Isso porque que você nunca fui um doce de pessoa, convenhamos. Não sei se quero lembrar dos nossos planos mais, e estou pulando suas músicas nos cds. Eu sou o novo que você não quer experimentar. Não posso te esperar tanto tempo, tô cansado de comer este seu fast-food de paixões inventadas. Já mudei meu interior para que ele pudesse mudar o que está ao meu redor, mas você anda a mesma. Não quero ser lembrança, quero ser sua realidade.

Não sou o vilão desta história, então não me peça nada se não tiver nada para me dar em troca. Não posso gostar por nós dois. E você sabe que eu não vou te ligar. Se você se for, será mais do mesmo. Quem não está comigo, só tem a perder. E já está ficando tarde. Ou acorde ou se arrependa.

Guilherme Vilaggio Del Russo