sábado, 31 de janeiro de 2009

Substituindo champagne por cerveja

Olha lá ele, subindo as escadas de novo. Parece meio exausto. Olhar meio distante, andando devagar para se andar adiante. Um rosto barbado, uma alma de garoto. Costuma esconder as constantes discussões que tem no trabalho, com este sorriso discreto. Provavelmente ele saiba que hoje é mais um dia comum, que terminará em casa, lá pelas 11 e meia. E que também não consiga ficar acordado no sofá. Mas insiste em perguntar qual a programação do dia. Todos os dias são iguais. Deve ser um fardo pra ele, logo ele, tão agitado. Cuidar do próprio futuro já é o bastante, mas ele sempre quis ir além. Quantas vezes não abriu mão das noites estreladas dos sábados para diversão alheia. Só não abre mão do mate quente e do mais tradicional ainda, jogo noturno às quartas-feiras. Perfecionista, deve estar se perguntando se a torneira do banheiro estava fechada pela manhã. Ou talvez, simplesmente, se tudo está bem. Sempre foi um cara que pouco demonstrou, mas que sempre sentiu. Aquele que buscava a alegria própria somente se a alegria estava nos outros. É como vestir a roupa de palhaço todos os dias mesmo não querendo. A vida deve dar poucos prazeres a ele hoje, mas pode crer, não é por falta de procura. Sofrendo do mal hereditário de abraçar e querer ser todo mundo. Isso inclui ser eletricista. Ninguém liga. É só ele continuar sendo este abraço gostoso e esse olhar de orgulho. Pegue 2 cervejas no freezer e abra a porta...
- Feliz aniversário, pai.

Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

365 dias

1 ano na soma das palavras, na diferença do ontem, na divisão de pensamentos, na multiplicação de conquistas, na igualdade de opiniões. São 7.861 pessoas em busca do bem em progressão geométrica. 74 postagens misturando metáforas e mentiras, incontáveis parágrafos, mais incontáveis ainda erros ortográficos e a certeza de que isso não importa. A vida de todos contada por um. Um autor e seus erros de concordância verbal e de tomada de decisões.

Uma busca com 81 resultados, e o resultado não nulo em mim. Com alguma certeza, umas vinte canetas, 16 lápis, trocentas folhas, um moleskine. Centenas de frases de efeito e a grande maioria sem nexo. Poucas rimas ricas, a certeza que não sou feito para poesia, poucos rascunhos. Tantos ônibus, o mesmo metrô, diferentes pessoas em muito pouco tempo de olhar. Muitas madrugadas e a certeza de que isso não importa.

Pausas e um sem número de perguntas. Outras tantas exclamações. 2 pontos finais e, por enquanto, um ponto de reticências. Nenhuma vergonha, pouco receio, muita coragem em 365 dias de filosofia barata e para poucos. Milhares de palavras mas só uma que se encaixa perfeitamente neste momento: obrigado. E a certeza de que vocês e somente vocês, a mim, muito me importa.

Guilherme Vilaggio Del Russo.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

"Hay que provenir las cosas de la vida.."

Que terra imensa, meu Deus! Ando percorrendo kilômetros para ampliar horizontes em um país que só conheço por livros e provas de Geografia. Em cada canto encontro pessoas e conversas interessantes. É fácil buscar lições de vida quando nosso cartão de visitas é um sorriso largo. E desta maneira surgem sonhos, aprendizados, caminhos e escolhas que lhe fazem repensar no grau de dificuldade dos problemas cotidianos. E como sou da opinião de que nada é por acaso, lhes dou sempre atenção redobrada, me perguntando: "Porque esta pessoa apareceu em minha vida? Que mensagem veio me trazer?". Trechos de vidas que se encontraram em um determinado ponto e que agora caminham juntas.

Além de conhecer outros, busco me conhecer. Aprender a olhar sem ter que estar com olhos abertos é uma arte. Chego a inúmeras conclusões, mas poucas definitivas. Gosto de mudanças desde que eu esteja na frente delas. E sou o braço a torcer quando digo que a felicidade está na capacidade de esquecer certos momentos com facilidade (as rimas sempre aparecem em horas como essa).

De concreto, acho que este ar puro nos pulmões reacende um espírito quase revolucionário e o desejo por novidades em minha vida e no conhecimento do meu papel (e das minhas palavras) diante do mundo. Não foram poucas às vezes que quis largar isso e correr para outro lugar. Mas quando estou a mais de 200 kilômetros da minha cama e veja a garota ao lado, me contando que faz este trajeto todo final de semana, tentando unir pais e faculdade, vejo que sonho é igual a renúncia, sorrio e me conformo. Você define o quão longe estão seus objetivos pela qualidade dos seus pensamentos. De fato, viajar é bom.

Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Um dia para o Pessimismo

É quase robôtico pra mim achar que o mundo gira ao meu redor. Tem vezes que me sinto tão egoísta mas ao mesmo tempo tão culpado, na mesma proporção. Reflexo de uma vida de aparências. E Deus sabe (minto, ele não sabe) que eu não suporto as mais doces mentiras. Nem as mais ácidas verdades. Pago pelos erros alheios mesmo não cobrindo os meus. É como herdar uma luta perdida. Longa e em vão... Sei que autoconfiança é um problema pra mim. Mas, e o que dizer da covardia? Se a vida é incerta, é justo esperar por um caminho mais seguro?

O problema é que eu não sei mensurar. Não sei estar dividido. Conheço somente o estar do lado ou estar distante. Um semáforo que não sabe o que é a cor amarela. E é nessas horas onde o mundo parece ser chato que, infelizmente, eu venho escrever ao invés de falar, de agir. Achar que todo o tempo é tempo perdido. Triste esperar por sonhos. Mais triste é reconhecer fraquezas, adversidades e esperar que o tempo resolva. Ou que de uma vez por todas, acabe.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Presente que indica, indicativo.

Sou um grande rascunho de idéias boas. Embora não definitivas e feitas a lápis. Resolvi ser do contra porque ser a favor já basta. Ninguém é perfeito e eu não sou quadrado. Menino, me viro a cada minuto. Na vida e na cama. Apto da idéia de que cada um carrega um pedaço de tecido e que juntos somos um retalho de qualidade. Fujo do convencional, mas sabe como é... ainda prefiro Nescau a Toddy. Escrevo para se me sentir parte integrante e ativa de um sociedade onde isso hoje me dia, infelizmente, tornou-se diferencial. Busco no meu pai o que ainda não pude ter.

Orgulho-me de ser orgulhoso. Você não imagina a vontade de estourar um champagne a cada conta paga. Misture caras e bocas e me encontre. Mas não sou um personagem. Sou vários em um mas sou mais eu. Se a alegria está em fazer o impossível, a felicidade plena está em mantê-lo. Gosto de marcas. Das que tenho e das que deixei. Abuso do presente porque odeio o pretérito imperfeito. Talvez seja o contrário do que um dia entendi por ser tranquilo. Perguntas idiotas me visitam com frequência: "Quantas pessoas iriam ao meu funeral?". Adoro falar do eu, mas sou muito mais feliz se formos nós.

Enfim, sou o menino do óculos, do coração a mil, do 102%, da conta inadimplente, do sorvete de kiwi, que adora o grupo mas odeia o "coletivo", o menino das histórias. Mas não sou homem de contá-las. Quero somente, vivê-las. E você, quem é?

Guilherme Vilaggio Del Russo