segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sobre vencer na vida e um pouco mais

Pai,

4 anos. Passaram-se 4 anos desde a nossa última conversa que serviu como alicerce para minhas decisões que culminaram na escolha da faculdade tradicional como conhecemos hoje. Nela, concordei com você quando disse que aquele momento era de construir realidade e de não pleitear sonhos. Troquei palcos por salas de aula, o texto pelo giz, o improviso pelo politicamente correto.

Durante esses 4 anos, confesso que tecnicamente, pouco aprendi. Mas, mais importante do que isso, percebi o quanto meus 17 anos em suas costas tinham sido fundamentais para o crescimento de alguém despreparado e surdo para as lições que a vida gostaria, e viria depois, a dividir comigo. Aprendi a ser homem e mais do que isso: percebi que a vida é feita de escolhas.

De apaixonado doentio a realista sólido, de condizente inerce a ativista incessante em busca sempre do melhor. Em todos os sentidos, intelectual, financeiro, pessoal. Passei inúmeras transformações durante todo esse tempo que me fizeram perceber que crescia dentro de mim uma vontade louca de vencer. De mostrar que era capaz de caminhar só, mesmo que isso significasse andar de ônibus.Confesso que, deste mesmo tempo, surgiu um de meus maiores defeitos: o de não se contentar com nada e buscar hoje o que só poder ser conquistado amanhã ou depois. Um orgulho insensato grudado ao meu corpo.

Passei por amores, desencontros, bebidas, pessoas que passaram tão rápido quanto as aulas de planejamento que eu sempre atentantamente ouvia. Foram tantas as vezes que tive que voltar para casa pois no bolso não havia nada. Olhava pro lado e a juventude classe A se esbaldando em valores duvidosos. Mas na diversão que eu também sempre quis. Sem querer, essas mesmas pessoas tornavam-se meu combustível para seguir adiante e um dia reencontrá-las para dizer: "Eu também cheguei. E melhor: cheguei sozinho."

Venho mostrar minha gratidão por você não ter pago nenhum centavo deste passo importante para a evolução de um homem. Deixei para trás momentos que senti raiva e desprezo por não utilizar o que ganhava com meu suor para lazer, mas sim para pagar despesas, tão cruas quanto este que vos fala. Isso já faz parte do passado, mas acredite, esse sentimento de vitória pessoal é tao presente e assim será para sempre.

A faculdade termina, mas a vida começa. Agora sim, é tempo de sonhar.

Seu filho,
Guilherme Vilaggio Del Russo

2 comentários:

Carol disse...

alicerce*

Carol disse...

pleitear*