sábado, 25 de maio de 2013

minha vida longe (perto) de você

No despertador do iPhone, toca Lulu Santos. É hora de acordar. Acordo e tomo meu café com Nescau, com o pão de manteiga mergulhado até o fundo. 2 colheres sem açúcar, afinal já vem adoçado, como você pregava. Vou para o banho e esqueço a toalha. Mais uma vez. De novo. Estranho não ouvir nenhuma reclamação no instante posterior ao grito de ajuda. Me troco, a roupa está amarrotada. Desculpe, guardei assim mesmo, eu confesso. Amanhã vai ser diferente. Vou pro trabalho. Não, espera, deixei os copos sujos na pia. Ok, "Vai juntar formiga e blablabla..". Eu sei de cor, não te preocupa.

Trabalho. Horas sentado esperando aquele feijão bem temperado que você me ensinou a fazer. Não, espera....esqueci. Esqueci ele na geladeira. Bem que você me falou. Não 1 ou 2 dias. 24 anos. Não importa, vou comer miojo mesmo, você ficaria preocupada mas sabe que eu faria isso. Eu sei que "só faz mal, que só tem sódio..." mas o que são 24% de sódio (em uma dieta calculada em cima de 2.000 kcal, informação sempre tão fundamental) perto da fome?

Academia. No espelho, um recado que diz "Anabolizantes podem causar a morte". É. Uma senhora de 50 anos me dizia a mesma coisa, quase um mantra, uma insistência diária pra que eu trocasse o peso pelo cobertor de casa. "Como será que ela está agora?, me pergunto". Pego o carro, no rádio "Apenas mais uma de amor". Só pode ser perseguição, pra me lembrar de cumprir os 60km por hora. Que chata. Que saudade. Chego em casa e não é estranho encontrar aquela baderna. O que você diria disso hein? Até ontem era "a forma de me encontrar na minhas coisas", hoje, fere meus olhos. A vassoura é minha melhor amiga depois das 22 hrs. E lá vamos nós de novo.

Deito na cama devidamente arrumada apesar do meu argumento que você esculachava de que "eu vou bagunçar tudo de novo mesmo". Mas antes, ali pendurado, meu violão me convida pra uma musiquinha. Acho que dá tempo de uma. Desta vez no meu violão, já que você tinha ciúmes do teu e jamais me emprestava. E começa, algo como "Eu não consigo me convencer, que essa vida não foi injusta, tanta falta me faz você, queria ver você lá em casa...Oh mãe, o amor que eu tenho por você, é teu..". É, acho que ela ia gostar se eu cantasse isso pra ela.

Viu só, mãe? A distância é ilustrativa, você continua comigo o tempo todo.

Guilherme Vilaggio Del Russo


4 comentários:

Raquel disse...

Qdo sai da casa da minha mãe, me disseram que esses dias ai iam ser meus, identicos hahahah, não foram, adorei minha liberdade (e ah q maravilha deixar os copos sujos!! hahaha), mas mãe é mãe e faz falta de um jeito ou de outro! Adorei mto o texto!! :)

João disse...

Mãe é a única pessoa com a qual nós um dia tivemos uma ligação real. O resto é ligação imaginária, é amor.

Senti falta dos seus textos pra me consolar nessas madrugadas, apesar de ter um monte de coisa antiga que não li ainda. Me traz uma felicidade ver um post seu na minha lista de leitura.

Felicidades! (:

Anônimo disse...

Que lindo!

Unknown disse...

Gui....que lindo! Li tudo e tudo que vc escreveu...e quero mais! Esse texto em especial! Li umas 5 vezes..hahaha
É muita saudade dela, e de vc! =P
Beijos, seu lindo.