Parece que gostamos desse fado carregado por tantos e tantos anos de sermos colônias. Antes, de exploração, hoje, de férias. Temos aqui, hoje e agora, a real chance de criar um novo mundo, um mundo curado desse vírus do consumismo, um mundo que dá chance igual para todos sentirem o gosto de serem livres e não dependentes do sinal 3G de nossos celulares, iPhones e iPads. Uma chance de escrever uma nova história, mostrar que temos muito mais do que bananas, maconha e alguns coqueiros para oferecer. Deus já abençoou esse pedaço com pouquíssimas catástrofes naturais e me recuso a pensar que isso seja coincidência. Vivemos em eterna luta, sim: luta de ideologias e maneiras de governar, mas tenho comigo a certeza que esse é o caminho do sucesso. A divergência gera opinião, que gera discurso, que gera ações, que voltam a gerar divergência. Quem um dia pensou que a Bolívia seria governada por um descendente indígena ou que as mulheres assumiriam dois dos maiores poderes das terras banhadas pelo Rio da Prata? Se eles mais acertam do que erram ou vice-versa, cabe a nós enxergar. Eles dizem que não gostamos da democracia. Não. Não gostamos da democracia que nos oferecem, enlatada e enviada em containers onde "quien tiene mas plata tiene dos votos".
Até quando gostaremos de ser os rabiscos daqueles do Norte? E mais: desde quando o rabisco veio antes da arte final? Vamos gostar de ser eternamente cópias infelizes e mal geradas daqueles que um dia nos prometeram um mundo melhor? Não, não. A verdade é que estamos aqui para mostrar que podemos sorrir sem os dentes manchados de petróleo. Que delícia poder viver sem precisar necessariamente "passar 2 ou 3 meses na Paris, EUA ou o caralho A4" para ser mais feliz. Só nos falta uma vontade de nos conhecermos melhor, oportunidade para ler sobre a história latino-americana e coragem para pegar a mochila e entender que a Venezuela é logo ali.
É, sempre gostei mais do doce de leite uruguaio do que o matinal bacon com ovos.
Guilherme Vilaggio Del Russo