sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Sobre o viver

14 de fevereiro, São Paulo, dos bares da Paulista para o Alto da Vila das Mercês.

Caro Amigo,

cá estou eu no bar fazendo um brinde a todos vocês, amigos. Sozinho, mas estou feliz. Sei bem que a tendência é que a vida cada vez nos dê menos brechas para compartilhar momentos juntos. Tudo bem, nosso passado já diz muito, se não diz o suficiente sobre essa cumplicidade. É por essas e muitas outras que vão de vir, que digo que achei sua ligação meio estúpida ontem a noite.

Você veio com aquele papo de que não tem sorte, que nada dá certo, de que a vida não tem mais sentido e blablabla. Algo como um aviso prévio de alguém já derrotado. Que grande bobagem! E desde quando a vida teve sentido? Ela realmente não tem sentido algum. E muito provavelmente, deva ser esta, a sua maior qualidade. Ela é de mão única, placa sem sentido e sem retorno, a ligação mais concreta com o agora. Se você não fizer valer a pena, quem vai? Ela é para uns poucos que se atrevem a simplesmente não entendê-la. Você deu risada quando disse a você que o viver é como um estranho que pede a sua mão para caminhar juntos. Cabe a você escolher o destino.

Sei que nestes momentos de angústia, este viver lhe parece só mais um verbo de 2ª pessoa, nesse seu infinitivo irregular. Então lhe dê sentido sendo o contexto. Meu amigo, não sei se é este meu signo ascendente em Leão ou umas geladas a mais que vos digo que o mundo ainda é, apesar de tudo e todos, dos otimistas. Encare com naturalidade o que de mais estranho acontecer. Entendo o seu dia de tristeza mas que ele não seja o amanhã. No mais, espero que sua próxima ligação seja para me avisar que você está vindo para me acompanhar e impedir que eu continue profetizando e poetizando a vida em alguns parágrafos. Hora de pensar que a vida é muito mais do que chorar (e beber) por ela e sim sorrir por ser, o hoje.

De seu amigo hoje, amanhã e depois,
Guilherme Vilaggio Del Russo

Nenhum comentário: