quinta-feira, 7 de maio de 2009

As praças públicas estão vazias.

As cortinas se abrem e eu não consigo ver. Busco pela arte e encontro filas. Vejo ingressos nas mãos de poucos quando não deveria haver ingresso. Livre arbítrio da cultura que nos foi roubado. Pra uma pátria que se diz democrática, vejo poucos livros. Ou quase não os vejo, estão presos dentro de vitrines. Os atores, em palcos onde nunca pude estar. Eu quero ver para creer, mas não me deixam. O acesso a arte neste país não passa de uma grande comédia de mau gosto. A Divina Comédia! Palhaços e artistas do dinheiro que se vanglorizam ao esfarelar alguns restos de uma cultura cheio de retalhos bons. Não existe show de graça. Existem impostos. Brasil, mistura da dança rio grandense com a pintura indígena, Brasil de arte que eu só conheço por nome. Acesso negado aos muitos que não querem ser mais leigos.

As praças públicas estão vazias. Como vamos protestar se nem ao menos nos dão a oportunidade de saber que temos que protestar? Certas lições não se aprendem na escola. Perceptível apenas no acorde do músico, na risada do palhaço, na improvisação do ator, no guaxe do pintor. Parece se tratar de "conteúdo impróprio" para os brasileiros. Logo nós, donos da arte de engolir sapos, não podemos nos dar ao luxo de aprender sem precisar de lápis e caneta? A arte traz isso. Mas, onde ela está?

Liberdade de expressão, acesso, livros, palcos, ilusão, fantasia, esperança. Tudo isso sem precisar de papel moeda. Eu quero estar na primeira fila da vida. A arte de sobreviver, a gente já conhece. Quero experimentar outras. Para um povo de pouco pão, nada mais justo que nos permitir, o circo.

Guilherme Vilaggio Del Russo

2 comentários:

Jéssica. disse...

esse post me lembrou a música 'pena' do Teatro Mágico. *.*

Ju disse...

Fazia tempo que não passava por aqui...
Apesar da mudança do visual (diga-se de passagem, bem feita!), a qualidade dos textos continua a mesma... Sempre mto gostoso ler o que vc escreve Gui!
Beijo