quinta-feira, 23 de julho de 2009

21

Ainda sinto o cheiro do café fresco pela manhã. Acordar e ver que sua família está a dois passos de ti e que sua mãe ainda lhe acorda com certo mau humor, é saber que "independência" é só questão de atitude. Algumas espinhas persistem e um bom ovo frito é digno de aplausos. Saber que dá tempo de muita coisa na vida é como um analgésico para mim. Nunca serei tão velho quanto imagino ser. É questão de saber se enganar bem.

Você aprende algumas verdades universais. Pessoas boas sempre vão embora cedo e as que ficam, moram longe. Seus pais sempre acharão a juventude de hoje, completamente perdida e que você sempre conseguirá aquilo que não fizer tanta questão. Tive a certeza que você deve se dar sim, o direito de ficar triste por um ou dois dias. Não muito mais do que isso. Ser feliz o tempo inteiro é fingir bem.

Com 21, você vê que todas as músicas farão sentido para você, um dia. Só depende do contexto onde elas são aplicadas. Cada vez mais sua casa será um albergue de luxo e veja que seus amigos já começam a variar discussões entre plásticas e problemas financeiros mundias. A vida te ensina a viver o hoje porque dá muito trabalho prever o amanhã. E, entre nós, se você for prever, com certeza terá um grande retrabalho.

Não espero que eu tenha mais 50 anos de vida. Se eu realmente viver (e não sobreviver) mais uns 40, já é mais do que suficiente. Tempo o bastante para fazer tudo que planejo, errar alguns pontos, tentar ajustar os mesmos, decidir, sorrir com dentes mais escuros e claro, aprender a aceitar que os outros são tudo de ruim e de bom que você sonhou para o mundo. Basta peneirar qualidades e aceitar certas lições da vida. Maioridade civil é só nome para aquilo que chamo de juventude de carácter.

Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 20 de julho de 2009

tenha fé.

Eu bem que poderia inventar um monte de besteiras para dizer que gosto de estar só. Eu poderia mentir para mim mesmo e dizer que é necessário passar por isso. Mas não. É só tempo para refletir. Não quero conselhos, mas se me permitem, peço-lhes algo (e alguém) no que pensar. Quando coisas que nos trazem lágrimas se repetem é porque algo de ruim ainda persiste em nós, e não nos outros. E não adianta recorrer a parques ou coisas do gênero. Momentos cults que só existem em livros. Estarei nos mesmos lugares onde gosto de estar, pensando em como não transpirar emoções. Sinto-me pronto para uma viagem de aventura. Eu só não sei o caminho.

Frustro-me com ligações perdidas que eu só ousei sonhar. Um sonho onde eu, ironicamente, não estaria só. A verdade é que a vida não passa de uma comédia romântica que não tem a mínima graça. Acho que posso ser egoísta e me dar esse tempo. Um tempo para acordar terrivelmente tarde e ver que ainda está frio lá fora. E aqui dentro, se é que me entendem. Talvez um tempo para me enganar de novo. Queria sentir bem menos. Estou cansado de viver inteiro e deixar coisas (e pessoas), pela metade.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 11 de julho de 2009

Rouquidão

5 minutos de fúria. Um pequeno intervalo de tempo de atividade incessante. Um louca vontade de gritar mesmo sabendo que todos estão surdos. Os segundos antes das palavras parecem eternidade. Não penso, logo faço. E falo também. Percebo que ainda não tenho nada, só coisas a fazer. Do que adianta sonhar se tento me convencer que estou no lugar certo? Uma vida de reuniões discutindo um futuro do qual não quero fazer parte.

Nunca fui bom em pedidos de desculpas formais. Prefiro mentir honrademente e novamente estar apto na segunda pela manhã. Distribuir sorrisos e alguns cartões. Um comprometimento com datas quando não me comprometo comigo. Perco a fé, o tato. Me envolvo em uma espessa fumaça de obrigações que me torna cego, atropelando tudo e todos, porque sei que estou atrasado para a vida. Viver? Ah, viver mesmo deve ser em uns 5 minutos por dia. O restante, eu vou só levando.

Guilherme Vilaggio Del Russo